À frente do MEC, Weintraub acumulou derrotas no Congresso
Em pouco mais de um ano à frente do MEC (Ministério da Educação), o economista Abraham Weintraub, que anunciou hoje sua saída do governo Jair Bolsonaro (sem partido), acumulou derrotas no Congresso Nacional.
A pressão pela saída de Weintraub do ministério vinha acontecendo tanto por parlamentares como por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
A queda do economista passou a ser mais fortemente especulada depois que veio a público um vídeo de uma reunião ministerial realizada no dia 22 de abril. Na ocasião, o então ministro defendeu a prisão de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). "Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando pelo STF", declarou.
Em sua trajetória à frente do MEC, Weintraub foi convocado a prestar esclarecimentos a parlamentares pelo menos duas vezes. Na Câmara, deputados decidiram convocar o então ministro em maio do ano passado para que ele explicasse o bloqueio de verbas para a Educação. A sessão foi marcada por provocações por parte do então ministro e por bate-boca entre os parlamentares.
Em dezembro do ano passado, Weintraub voltou a ser convocado pelos deputados após afirmar, sem apresentar provas, que universidades federais têm "plantações de maconha" e "laboratórios de droga". Aos parlamentares ele voltou a fazer as afirmações, o que levou a discussões acaloradas na audiência.
Já em fevereiro deste ano, a MP da ID Estudantil, que permitia a emissão de carteirinhas estudantis pelo governo, perdeu a validade sem nem sequer ter sido discutida pelos parlamentares. Os deputados se queixaram de falta de diálogo com o ministro.
A emissão das carteirinhas pelo governo aconteceu em ofensiva a entidades estudantis como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e foi fortemente defendida por Weintraub.
Em mais uma derrota para o ministro, o MEC e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) decidiram, em maio deste ano, adiar a aplicação do Enem devido à pandemia do novo coronavírus.
Apesar da crise sanitária e da suspensão das aulas presenciais, Weintraub vinha defendendo a manutenção das datas e associou os pedidos de adiamento à "esquerda". A decisão pelo adiamento do Enem deste ano aconteceu após um projeto de lei que previa o adiamento do exame ser aprovado em decisão quase unânime no Senado -o único contrário à medida foi o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Na semana passada, uma MP que dava a Weintraub o poder de escolher reitores de instituições federais de ensino durante a pandemia foi editada por Bolsonaro. A medida teve forte repercussão negativa e o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), devolveu o texto ao Executivo. Bolsonaro então revogou a MP.
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