O que se sabe sobre a volta das aulas presenciais no Brasil
Escolas públicas e particulares de todo o país estão fechadas e com as atividades presenciais suspensas desde meados de março devido à pandemia do novo coronavírus.
Não há, até o momento, uma data definida para a reabertura de todas as escolas. Mas a retomada de atividades de comércio e serviços em diferentes estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, acendeu o debate sobre a volta das aulas presenciais.
Órgãos como a Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares) e o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) já têm protocolos com recomendações de medidas de segurança e higiene que devem ser adotados para a volta das atividades nas escolas.
Entre os planos para a retomada estão a adoção de um ensino híbrido, que envolve tanto o ensino presencial como o ensino a distância, e a disponibilização de máscaras e estações de higiene com lavatórios, sabão e álcool em gel.
Principais recomendações para a reabertura das escolas:
- Retomada gradual e ensino híbrido: Tanto as escolas públicas quanto as escolas particulares preveem a manutenção do ensino remoto após a volta das atividades presenciais --o chamado ensino híbrido--, como forma de evitar aglomerações nas salas de aula e para atender os alunos que ficarem em casa
- Distanciamento social: organização das salas de aula para que alunos e professores mantenham distância de 1 m entre si o tempo todo. Cancelamento de atividades em grupo e de saída das salas nos recreios
- Uso de máscaras e controle de temperatura: controlar o uso e a troca de máscaras, bem como aferir a temperatura logo na entrada da escola
- Estações de higiene: disponibilização de lavatórios próximos à entrada das escolas e de dispensadores com álcool em gel em pontos de maior circulação; tapetes com solução higienizadora para limpeza dos calçados antes de entrar na escola
- Higienização e desinfecção dos espaços: limpeza frequente dos ambientes e de acessos como maçanetas das portas
Protocolos para cada escola e rede de ensino
Ademar Pereira, presidente da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), afirma que a adoção das medidas ficará a cargo de cada instituição, já que cada unidade de ensino tem particularidades diferentes.
"Tem escola pequena, que tem 50 alunos em uma casa de 300 m², e universidade com 30 mil alunos em 50 mil m² e vários horários disponíveis para aula. São projetos de segurança diferentes que devem ser feitos para cada uma das instituições", diz.
Mesmo assim, ele defende que as escolas privadas já têm condições de reabrir com as devidas medidas de segurança. "Na hora em que foram liberados comércios e serviços, deveria liberar também a escola", diz.
Cláudio Furtado, secretário de educação da Paraíba e um dos coordenadores do protocolo elaborado pelo Consed, afirma que a volta das atividades nas escolas públicas está diretamente atrelada à situação sanitária de cada estado e município.
Ele destaca a necessidade de monitoramento constante de alunos e professores e a possibilidade de uma nova suspensão das atividades em casos de piora nos indicadores de saúde.
"A ideia desse protocolo é a gente aprender, por exemplo, com experiências como a da França, que teve de parar depois que voltou", diz.
"Acho mais complicado a volta [das atividades] do que a implementação do ensino a distância [no início da pandemia], por ter uma série de variáveis que devem ser levadas em questão. É uma adaptação de risco", avalia.
Investimentos
Furtado demonstra preocupação com os gastos necessários para que as escolas tenham condições seguras para o retorno das atividades.
"Na minha rede, por exemplo, tenho mais de 50 mil alunos. Se formos falar de máscara reutilizável, vai ser necessária a compra de mais de 1 milhão de máscaras", afirma. "Se não tiver a recomposição orçamentária por parte do governo federal, para que as redes possam investir nisso, elas vão ter que cortar de outro lado".
Pereira, por outro lado, diz que a expectativa da Fenep é de que pouco mais de um quarto das famílias efetivamente mandem os alunos para a escola assim que for autorizada a reabertura.
"Em um primeiro momento a gente acredita que virão poucos alunos. O ensino médio funciona melhor no ensino remoto, então os alunos podem vir menos vezes, por exemplo, pode haver um escalonamento. Dependendo do espaço que a escola tem, ela pode fazer horários diferentes", afirma.
Acesso
O secretário da Paraíba afirma ainda que, mesmo com uma eventual volta das atividades presenciais, a desigualdade no acesso às tecnologias —que acabou sendo evidenciada no período da pandemia— ainda será sentida.
"Se [devido às medidas de distanciamento] só puder caber metade dos alunos em uma sala, por exemplo, vai ser preciso fazer um escalonamento pelo espaço: parte dos estudantes na sala e parte com ensino remoto", diz.
O ensino a distância, que pode acontecer com aulas online ou aulas gravadas, seja pela internet ou pela TV, continuará dependendo do acesso a que o aluno tem em casa.
Já o presidente da Fenep afirma que as escolas particulares não devem ser "seguradas" por conta das dificuldades de retomada na rede pública.
"Governadores e prefeitos têm que entender que a escola privada não depende da educação pública. O problema da gestão da educação pública é um problema deles", afirma.
"A desigualdade não tem que ser cobrada da gente, tem que ser cobrada do gestor público", diz.
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