Decotelli teria evitado dissabores a Bolsonaro e pacificará MEC, diz Vélez
Anunciado hoje para o cargo de ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli da Silva teria evitado "dissabores" a Jair Bolsonaro (sem partido) se tivesse sido escolhido pelo presidente para ocupar o posto logo após a primeira crise no MEC (Ministério da Educação), ainda no ano passado. A avaliação é do professor e ex-ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez, primeiro nome a comandar ministério no governo Bolsonaro, entre janeiro e abril de 2019.
"Não é uma pessoa que polarize, que se radicalize ideologicamente. É alguém que dialoga com todo mundo", diz Vélez, que conviveu com Decotelli durante sua passagem pelo ministério. Oficial da reserva da Marinha, o novo ministro foi presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) entre fevereiro e agosto de 2019.
Decotelli era uma das apostas da ala militar do governo para ocupar o posto no lugar de Vélez, mas ele acabou sendo substituído por Abraham Weintraub. O economista, que protagonizou crises políticas no governo, foi demitido na semana passada após desgastes com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
"Eu acho que se ele [Bolsonaro] tivesse colocado o Decotelli desde o início, teria evitado muitos dissabores. O Weintraub radicalizou muito o discurso, criou conflitos sem necessidade. O Decotelli é uma escolha mais técnica, sem dúvida nenhuma", afirma Vélez.
Na avaliação do ex-titular da Educação, Decotelli será "um bom ministro para pacificar as relações do MEC com o estado brasileiro".
À frente do FNDE, segundo Vélez, Decotelli desempenhou um "bom trabalho" e buscou diálogo com cidades de todo o país. O órgão, que é um dos principais braços do MEC, tem um orçamento anual de cerca de R$ 50 bilhões e é responsável pela execução de programas de alcance nacional, como o PNLD (Programa Nacional de Livros Didáticos) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).
"Foi muito boa a experiência [de trabalhar com ele]. O FNDE é cobiçado por todos os políticos, tem um orçamento de R$ 50 bilhões. Qual é o político que não quer essa moça? Ele fez uma gestão muito limpa, muito transparente do FNDE", avalia o ex-ministro.
"Ele é uma pessoa muito habilitada do ponto de vista acadêmico. Tem titulação de várias universidades e até pós-doutorado", destaca Vélez. "É alguém com sensibilidade social".
Em seu lattes, Decotelli diz ser pós-doutorando na Universidade de Wuppertal, na Alemanha, doutor em Administração pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, e mestre pela Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas) da FGV. Também informa ser bacharel em Economia pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
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