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Maia diz que novo ministro do MEC 'certamente será melhor' que Weintraub

Presidente da Câmara admitiu não conhecer histórico do novo ministro da Educação - Adriano Machado
Presidente da Câmara admitiu não conhecer histórico do novo ministro da Educação Imagem: Adriano Machado

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

25/06/2020 18h48

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou desconhecer o trabalho do novo ministro da Educação anunciado hoje (25), Carlos Alberto Decotelli da Silva, mas que ele "certamente vai ser melhor do que o ex-ministro". Ou seja, melhor que Abraham Weintraub.

"Estive com ele só uma vez quando era do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Esteve no gabinete, mas não tenho nenhuma informação ou conhecimento sobre o trabalho dele. Tem um bom currículo, mas de fato não tenho conhecimento. Mas, certamente vai ser melhor do que o ex-ministro", declarou.

Segundo Maia, independentemente de ser ou não da ala ideológica do governo, é preciso ter uma "pessoa equilibrada com a cabeça no lugar" à frente do ministério.

O chefe da Câmara foi questionado se a escolha por uma pessoa que, em princípio, não tem ligação com o escritor Olavo de Carvalho — cujas ideias influenciam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e são consideradas extremas por parte da população e da classe política — pode ser vista como um gesto de reaproximação perante os Poderes Executivo e Judiciário, ofendidos por Weintraub.

"Quem foi ofendido pelo Weintraub foi o Brasil, né? O Brasil foi ofendido por ter um ministro tão sem condições, para não usar uma palavra mais dura, durante esse período no ministério. Parece que o currículo do atual ministro é um bom currículo. Vamos torcer para que ele cuide das nossas crianças e não cuide do Olavo na Virgínia", falou, ao se referir ao estado onde mora Olavo de Carvalho nos Estados Unidos.

Abraham Weintraub não mantinha bom relacionamento com Rodrigo Maia e sofreu uma sucessão de derrotas no Congresso nos últimos meses.

O Future-se, principal projeto de Weintraub enquanto à frente do Ministério da Educação, demorou quase um ano para ser encaminhado ao Congresso. E, agora que foi no final de maio, não tem perspectiva para começar a ser analisado pelos parlamentares, muito menos votado, apurou o UOL.

Weintraub não tinha mais pontes de diálogo com parlamentares por não acatar sugestões vindas do Congresso, ter temperamento difícil e ter ironizado deputados em plenário. Ele também confrontou especialistas e a bancada da educação quando pediram o adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Neste caso, Weintraub voltou atrás no posicionamento de manter a prova em novembro quando viu que seria derrotado na Câmara. Uma derrota dura recente foi quando o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não aceitou a tramitação de Medida Provisória que lhe daria autonomia para escolher reitores temporários na pandemia.

De saldo negativo no Congresso, o ex-ministro também acumula outras duas Medidas Provisórias vencidas. A primeira em relação à criação de carteira de identificação de estudante gratuita em formato digital, em fevereiro. A segunda em relação a MP que também mudava a escolha de reitores em instituições federais, mas menos radical que a devolvida pelo Parlamento, em junho.