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Em artigo, Decotelli admite erros, mas reafirma ter sido professor na FGV

Carlos Alberto Decotelli - Divulgação
Carlos Alberto Decotelli Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

14/07/2020 07h49

O professor Carlos Alberto Decotelli, que foi nomeado ministro da Educação, mas acabou não sendo empossado, admitiu "falhas técnicas" em seu currículo, mas reafirmou ter sido professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Em artigo publicado hoje no jornal "O Globo" ele diz que a situação "jogou no lixo" anos de aulas e estudos.

"Nunca imaginei passar por um processo agressivo de questionamento de minha história, no qual todos os meus anos de estudo e de horas em sala de aula foram jogados instantaneamente no lixo, sem que pudesse me defender", escreveu ele.

A nomeação de Decotelli chegou a ser publicada no Diário Oficial, logo após ele ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mas a posse foi adiada porque instituições de ensino negaram títulos acadêmicos que o professor havia incluído no próprio currículo.

Universidades da Argentina e da Alemanha desmentiram as informações de que ele teria concluído um doutorado e um pós-doutorado nas respectivas instituições. Também vieram à tona acusações de plágio na dissertação de mestrado apresentada pelo ex-ministro à FGV (Fundação Getulio Vargas). As revelações tornaram insustentável sua permanência no governo e Decotelli pediu demissão antes de assumir o Ministério formalmente.

"Mas qual é a verdade? A verdade é que, de fato, sou professor há mais de 40 anos. Também é verdade que concluí os créditos do curso de doutorado em Administração, conforme registro de certificado da universidade, e entreguei uma tese que foi avaliada. Por fim, fiz uma pesquisa de pós-doutorado na Alemanha. Meus registros comprovam isso e estão à disposição de todos. Além disso, como é público, dou aulas na FGV desde 1986. Meus 40 mil alunos de cerca de 1,3 mil turmas estão aí para testemunhar", continua Decotelli. Ele chama de "inexplicável e pusilânime" a atitude da FGV de negar seu vínculo com a instituição.

No artigo, ele diz que cometeu alguns erros. No currículo, cita falhas técnicas como dizer que concluiu o curso de doutorado em vez de dizer que concluiu os créditos do curso de doutorado, e que fez pós-doutorado, em vez de dizer que realizou uma pesquisa de pós-doutorado. Ele ainda diz que errou também, "pecando pela soberba, em acreditar que conseguiria me defender sozinho e teria tempo para mostrar a todos que estou capacitado para assumir o MEC".

De toda a situação, ele diz lamentar não ter tido "a oportunidade de colaborar para a transformação da Educação no Brasil" e que vai encerrar a carreira como professor. "Pretendo continuar dedicado a desenvolver tecnicamente os projetos que vinha preparando para executar no ministério", concluiu.

Depois da demissão de Decotelli, Bolsonaro chegou a escolher o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, para o cargo de ministro. Feder diz ter negado o convite. Na semana passada, Milton Ribeiro foi anunciado como o novo ministro da Educação.