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Doria diz não se arrepender de recolher livro sobre identidade de gênero

Governador João Doria participa do programa "Roda Viva" - Reprodução/TV Cultura
Governador João Doria participa do programa "Roda Viva" Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

23/08/2021 23h45Atualizada em 24/08/2021 08h29

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse não se arrepender de ter mandado recolher das escolas estaduais, em 2019, um material didático que falava em identidade de gênero. A menção constava em apostila de Ciências enviada aos alunos do 8º ano do ensino fundamental, que têm, em regra, de 13 a 14 anos.

"Podem ser discutidas. A questão não era discussão, era imposição com livro didático contendo apologia a esse tema. E a recomendação foi do secretário de Educação. Nós seguimos e não há nenhum arrependimento sobre isso", afirmou Doria, durante participação no programa "Roda Viva", da TV Cultura.

"Discutir é uma coisa, impor didaticamente um tema é outro. Existe identidade de gênero, mas você não pode impor isso a uma criança que frequenta uma escola. Pode debater esse tema, mas impor com material didático não. Nisso não houve nenhum arrependimento", concluiu.

"A identidade de gênero é a forma pela qual eu expresso o gênero com o qual eu me identifico", resumiu Bruna Benevides que é TransAtivista e Secretaria de articulação política da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), em entrevista publicada por Ecoa no ano passado. Isso acontece porque a expressão de gênero leva em conta muito mais fatores sociais e culturais do que biológicos.

Na prática, isso significa que uma pessoa que foi categorizado como menino no nascimento pode não se sentir confortável nessa identidade e "performar" ações e atitudes que são entendidas como femininas pela sociedade.

Esse desconforto pode levar a um questionamento sobre a sua própria identidade. A partir daí, a pessoa pode entender que se sente confortável se expressando dentro de outro gênero ou até mesmo não expressando gênero algum.

Na época, no entanto, Doria usou o termo "ideologia de gênero", um conceito pejorativo usado pelo campo ultraconservador, muitas vezes ligado ao fundamentalismo religioso, contra os avanços nos direitos sexuais e reprodutivos e na igualdade de gênero, em especial a população LGBTQIA+.

"Fomos alertados de um erro inaceitável no material escolar dos alunos do 8º ano da rede estadual. Solicitei ao Secretário de Educação o imediato recolhimento do material e apuração dos responsáveis. Não concordamos e nem aceitamos apologia à ideologia de gênero", escreveu ele no Twitter, em setembro de 2019.

Na ocasião, mesmo sem citar o governador tucano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também usou o Twitter para fazer críticas à suposta ideologia de gênero.