Enem 2021: Professor escreve redação nota mil; veja modelo e dicas
Para melhorar a redação e se preparar para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), os professores são unânimes em dizer que é necessário treinar, treinar e treinar mais.
Pode-se adicionar outra dica a essa lista: ver bons exemplos. Por isso, a convite do UOL, Thiago Braga, professor do Sistema de Ensino pH, escolheu um tema e escreveu um texto dissertativo-argumentativo, como é cobrado no exame.
A prova de redação acontece no primeiro domingo do Enem, 21 de novembro, com 45 questões de linguagens e 45 questões de ciências humanas.
Em 28 de novembro, serão respondidas 45 questões de matemática e 45 de ciências da natureza.
Braga apostou no tema "As consequências da dependência tecnológica na saúde física e emocional dos indivíduos".
Ele sugeriu usar aspectos do filme "Ela", com o ator Joaquim Phoenix, que fala sobre a relação complicada entre os personagens e as novas tecnologias. Veja seu exemplo ao final deste texto.
O que é cobrado e em que prestar atenção
Daniela Toffoli, do Anglo, e Gabrielle Zanardi Pereira, do Poliedro São Paulo, também dão dicas para se sair bem na redação.
Eles explicam que, para obter uma nota alta, o aluno deve seguir os critérios apontados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que aplica a prova.
As 5 competências da redação perfeita no Enem são:
- Domínio da modalidade escrita da língua portuguesa (gramática);
- Compreensão do tema, apresentação de repertório e adequação ao gênero dissertativo-argumentativo;
- Desenvolvimento das informações e do ponto de vista, articulação entre as ideias
- Uso de recursos coesivos para relacionar bem as ideias entre si;
- Proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
O professor Thiago Braga explica que o Enem dá ponto para autoralidade, quando o corretor da redação percebe que o texto já estava integralmente pensado antes de começar a produzi-lo.
"Se o aluno constrói uma redação e sai escrevendo direto na folha final, ele mostra desconexão entre as partes do texto e perde ponto na competência 3", diz.
Os especialistas indicam que os alunos criem um roteiro para fazer a redação. Braga explicita o que fez no exemplo abaixo: "Coloco no meu roteiro: introdução, usar o filme 'Ela' para comprovar a tendência negativa da relação do ser humano com a dependência tecnológica. No meu desenvolvimento, eu vou pensar cada argumento e as causas e consequências dele, do problema sobre o qual estou falando para apresentar no texto. Na conclusão, penso na proposta", afirma.
"Olhando para esse roteiro, consigo produzir a minha redação não mais preocupado com o conteúdo e, sim, preocupado com a forma. Na hora de escrever, presto atenção na norma culta, na coesão, na conexão entre as partes."
O ponto fundamental que nós percebemos em toda a redação nota mil é a relação da conclusão com a introdução. Geralmente criamos uma relação de retomada para criar o que chamamos de 'texto circuito', ou seja, o texto termina fazendo menção ao início. Essa relação de circularidade é muito importante para a coesão e é bastante valorizada no Enem.
Thiago Braga, professor do Sistema de Ensino pH
O passo a passo do roteiro da redação
- Tese;
- Introdução;
- Desenvolvimento;
- Conclusão dos pontos.
Não se esqueça na hora de escrever
- Respeitar a estrutura com começo, meio e fim;
- Ter ideias originais;
- Ter uma argumentação fundamentada;
- Adequar a redação às competências;
- Ter boas referências interdisciplinares.
Mais dicas
O planejamento de texto é essencial para garantir boa nota. Por isso, invista em um passo a passo: leitura do tema, leitura da coletânea, produção de um brainstorm, seleção das ideias, produção de um plano de texto, feitura do rascunho, até chegar à escrita do texto definitivo.
Tenha uma argumentação consistente e bem organizada, com um olhar voltado à gramática e à norma culta da língua, sem esquecer da coesão. Também é importante explicar bem o seu ponto de vista.
Leia a redação perfeita elaborada por Thiago Braga
O filme "Ela", protagonizado pelo ator Joaquim Phoenix, retrata uma realidade fictícia na qual indivíduos possuem uma complicada relação com as novas tecnologias. Fora da ficção, o panorama brasileiro não é muito diferente do explicitado na obra, tendo em vista que a dependência tecnológica, seja ligada às atividades recreativas no meio virtual, ou na socialização nos meios digitais, traz consequências aos cidadãos brasileiros. Dessa forma, é válido analisar os impactos na vida dos indivíduos, como as lesões corporais e os distúrbios de imagem.
Em primeiro plano, percebe-se que o vício em jogos virtuais interfere no bem-estar de grande parcela da sociedade. O crescimento de competições esportivas eletrônicas, que envolvem tanto atividades em videogames quanto atividades em computadores, destaca o novo padrão de lazer dos cidadãos brasileiros. Os indivíduos, atraídos pelo cenário de disputa e pelo mundo fantasioso cibernético, passam muitas horas em frente às telas. Com isso, não só a quantidade de tempo na mesma posição, como também a constante realização dos mesmos movimentos gera resultados negativos nos usuários. Eles podem adquirir problemas posturais e outros danos, como a síndrome do túnel do carpo e a lesão por esforço repetitivo.
Além disso, a necessidade de adequação aos exemplos apresentados nas redes sociais prejudica o emocional de diferentes grupos. A exibição de vidas e corpos perfeitos, mesmo que irreais, por intermédio de plataformas digitais, como o Instagram, ajuda na perpetuação de padrões de comportamentos prejudiciais à saúde. Desse modo, indivíduos, devido à busca incessante por um modelo estético inalcançável sem o uso de editores de fotos, se frustram ao não se equipararem aos biotipos expostos. Consequentemente, a dismorfia corporal, como retratada no filme "O mínimo para Viver", se torna comum, também, na realidade contemporânea, gerando, na maioria das vezes, casos de depressão e ansiedade.
Entende-se, portanto, que a dependência tecnológica provoca consequências físicas e psicológicas nos indivíduos. Cabe, então, às escolas, promoverem palestras e debates frequentes, que contem com a participação de responsáveis e alunos, por meio da contratação de funcionários da área da saúde. Essa medida terá como objetivo instruir o público sobre a dependência tecnológica, facilitando o reconhecimento e a busca por ajuda médica. As grandes emissoras de televisão, devido à ampla capacidade de disseminação de informações, devem selecionar atores e atrizes com diferentes biotipos para participar de séries e novelas. Com o objetivo de estimular a autoaceitação dos telespectadores por meio da representatividade. Assim, o conturbado vínculo entre humanos e tecnologias, como o presente no filme "Ela", não se tornará concreto na realidade brasileira.
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