Já viu estátua de Nossa Senhora grávida? Elas existem
Até o século 16, eram populares imagens sacras que representavam Nossa Senhora grávida. Desde então, elas "desapareceram" das igrejas católicas. O livro "Le Chemin des vierges enceintes" ("O caminho das virgens grávidas") traz o resultado da investigação do escritor Jean-Yves Loude e da fotógrafa Vivianne Lièvre, ambos etnólogos, em busca de esculturas de Nossa Senhora grávida.
A procura levou os dois a refazer o caminho de Santiago de Compostela atrás dessas representações da Virgem Maria, banidas pela Igreja Católica a partir de 1563 e substituídas pelo dogma da Imaculada Conceição. O resultado da viagem investigativa, que começou na França e terminou na Espanha, mas passou principalmente por Portugal, foi ricamente registrado no livro.
Como na Via Sacra, a viagem foi composta por 14 etapas (ou estações). Os autores descobriram imagens de Virgens grávidas em catedrais, conventos e, principalmente, capelas discretas e museus de vilarejos. O livro funciona tanto como guia de viagem como "thriller policial", atrás de pistas sobre o desaparecimento desta figura que foi muito cultuada entre o século 13 e o final do século 16, até a conclusão do Concílio de Trento.
Discurso de exclusão
A contrarreforma decidida pelo Concílio de Trento, em resposta ao incipiente movimento protestante, reformulou a imagem de Nossa Senhora. Os autores associaram o desaparecimento histórico das estátuas ao discurso machista da Contrarreforma, que excluiu as mulheres.
As esculturas foram proibidas porque mostravam uma mãe de Deus excessivamente humana, com um ventre enorme e uma mão protegendo a barriga. Em Portugal e no Brasil, elas são conhecidas como Nossa Senhora do Ó ou da Expectação. Muitas foram destruídas. Outras, escondidas, voltaram a ser expostas com o tempo, mas comedidamente.
A viagem investigativa de Jean-Yves Loude e Vivianne Lièvre foi norteada pelo evangelho de Maria Madalena, que só foi revelado em meados do século XX. O papel das mulheres na história do Catolicismo ainda tem muito a ser revelado.
Fonte: Jean-Yves Loude e Vivianne Lièvre, "O caminho das virgens grávidas"
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