Tá no gene? Irmãos de 3 e 5 anos são aceitos em 'sociedade' de superdotados
Colaboração para o UOL
18/10/2023 04h00
Imagine ter em casa um bebê que, aos seis meses, já começa a falar. Ou uma criança que, aos cinco anos, tem a capacidade intelectual de um adolescente de 14. Essa é a realidade do casal Ygor e Jéssica Ribeiro, que vivem em São Paulo.
O filho mais velho do casal, Theo, tem sete anos e já faz parte de três sociedades internacionais voltadas a pessoas superdotadas: Mensa, Intertel e IIS (Infinity International Society). Agora, a do meio, Lis, foi convidada a fazer parte da Intertel e do IIS, aos 3 anos.
Escola identificou superdotação
O pai das crianças conta que, com o primeiro filho, ele e a esposa não perceberam que o desenvolvimento estava ocorrendo mais rápido do que o normal.
"O Theo sempre aprendeu as coisas muito rápido, desde bebê. Nunca precisou de muitas repetições para entender o que é certo ou errado, como brincar, como montar coisas", conta Ygor.
A indicação de que o menino poderia ser superdotado veio da escola que ele frequentava. Depois da pandemia, quando as aulas voltaram ao presencial, Theo chamou a atenção pelo desempenho e pela sociabilidade: ele já dominava os conteúdos e gostava até de ensinar os coleguinhas.
Foi então que o garoto fez um teste de QI (Quociente de Inteligência). Com cinco anos, ele marcou 146 pontos — o que, segundo o laudo, aponta que ele tem a capacidade intelectual de um adolescente de 14 anos.
"O Theo já sabia ler e escrever desde os 3 anos. Pelo currículo tradicional, ele ficaria mais dois anos sendo alfabetizado. Então resolvemos adiantá-lo um pouco na escola, para que ele não ficasse entediado nem criasse birra de estudar. O Theo ainda estuda com crianças, por causa da socialização", diz o pai.
Irmãos no mesmo caminho
Os outros dois filhos do casal estão seguindo o mesmo caminho. A do meio, Lis, marcou 143 pontos no teste de QI.
"O desfralde deles foi muito rápido. A Lis praticamente nunca fez xixi na calça depois que deixou de usar fraldas. O mais novo já começou a andar com 10 meses. Eles têm mais segurança, sabem onde estão indo e têm mais equilíbrio", conta o pai.
Ela e o irmão mais velho frequentam uma escola bilíngue, em português e inglês. Lis está em um processo para pular duas séries.
O mais novo, Yuri, tem apenas um ano, mas, segundo os pais, está seguindo o mesmo padrão de desenvolvimento dos irmãos.
Dinossauros, foguetes e Harry Potter
Mesmo que aprendam mais rápido, porém, eles ainda são crianças e vivem como tal.
Theo já foi apaixonado por dinossauros, mas hoje se interessa por vários assuntos, de foguetes ao xadrez. Ele produz vídeos para o YouTube falando sobre o que aprendeu. Já Lis adora livros e a saga Harry Potter.
A diferença, conta o pai, é que as perguntas de ambos são complexas — a resposta a uma dúvida deles pode levar dias.
"As pessoas geralmente ficam satisfeitas com respostas mais superficiais. Eles, não. Querem entender as coisas a fundo, em detalhes", diz Ygor.
Agora, toda a família fará testes para tentar identificar se há algum fator genético relacionado à inteligência dos pequenos.
Fabiano de Abreu, neurocientista, explica que o teste será feito pelo Centro de Pesquisa e Análise Heráclito, a partir da saliva dos pais e das crianças. O kit vem da Espanha e será enviado para análise em um laboratório francês. A expectativa é de que os resultados fiquem prontos em dois meses.