Enem: Questão anulada não prejudica nota final, diz Inep; gabarito sai hoje
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) anulou uma das três questões repetidas do Enem 2023. A nota final dos candidatos, entretanto, não será prejudicada.
O gabarito oficial será divulgado hoje, às 19h, segundo o Ministério da Educação. Os resultados finais serão publicados em janeiro.
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Por que alunos não são prejudicados
A metodologia usada no Enem, a TRI (Teoria de Resposta ao Item), faz com que as notas não sejam afetadas mesmo com a anulação de questões. "O cálculo estatístico considera a combinação da coerência do padrão de resposta com o pressuposto da cumulatividade e, ainda, as características (parâmetros de complexidade) de cada item", afirma o Inep.
Três questões foram identificadas como não inéditas no segundo dia de provas da edição deste ano, mas apenas uma foi anulada. O Inep afirmou que as perguntas não foram anuladas porque não são iguais as aplicadas anteriormente, mas têm semelhanças.
Na metodologia da TRI, as notas dos candidatos não levam em consideração apenas a quantidade de itens acertados. Por exemplo, se um candidato errar perguntas fáceis, mas ir bem em questões complexas pode ter seu resultado final afetado — já que a metodologia pode entender que ele chutou algumas das perguntas mais difíceis.
Professores e especialistas consultados pelo UOL afirmam que uma questão anulada significa um "erro técnico". Em 2011, um grupo de alunos de um colégio de Fortaleza teve 14 questões anuladas, porque elas haviam sido usadas em pré-testes aplicados a esses estudantes — em razão da TRI, mesmo com apenas 166 questões validadas, os alunos não foram prejudicados. Ao todo, o Enem tem 180 perguntas.
Já houve registros também de perguntas anuladas por ter mais de uma alternativa correta ou porque elementos da questão causavam dupla interpretação. Desde 2009, quando o Enem se transformou em vestibular, ao menos oito edições tiveram perguntas anuladas.
Para uma pergunta fazer parte do exame, ela precisa ser formulada, revisada e pré-testada. Só depois de todas essas etapas, ela entra no BNI (Banco Nacional de Itens), que reúne as perguntas aprovadas para o Enem.
A escassez do banco de questões não é novidade. Em 2022, o UOL revelou que gestores do instituto queriam repetir perguntas antigas do Enem. A proposta não vingou.
A anulação de um item já utilizado anteriormente em outros processos seletivos é feita com base em um critério técnico, a fim de garantir a isonomia do exame.
Inep em nota divulgada ao UOL
Professores apontam repetição
A pergunta anulada neste ano apareceu pela primeira vez no Enem para pessoas privadas de liberdade de 2010. Nela, o candidato era questionado sobre o grupo de risco mais exposto à gripe A-H1N1 após ser apresentado a números sobre a vacinação contra a doença — a repetição foi confirmada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, em entrevista coletiva no domingo (12).
Uma outra questão apresentada no segundo dia do Enem 2023 apareceu primeiramente no vestibular da UEG (Universidade Estadual de Goiás) de 2003. A pergunta abordava a forma de contar de um povo indígena. A presença de uma ilustração foi a única diferença verificada entre o enunciado aplicado há 20 anos e o atual.
A terceira pergunta repetida falava da interferência em aviões e foi usada em uma prova de 2013. Nessas duas últimas questões, o Inep decidiu não anular por entender que elas apresentam informações semelhantes, mas não têm enunciado exatamente igual.
As semelhanças das questões foram apontadas pelos professores do SAS — Plataforma de Educação e do Colégio Stocco.
*Com informações de reportagem publicada em dezembro de 2021