Igualdade, defesa dos pobres: o que Jesus ensinou sobre direitos humanos?
Nesta Sexta-Feira Santa (29), cristãos de todo o mundo celebram a paixão e a morte de Cristo. Considerada uma das datas mais importantes da tradição cristã, o feriado é conhecido pelas procissões que tomam as ruas do Brasil, além de rituais que envolvem a abstinência de carne vermelha.
Ao rememorarem a crucificação de Jesus, os cristãos revivem o ato que marca, segundo a Bíblia, a morte daquele que buscou libertar a humanidade de seus pecados.
Aproveitando esta data, a partir do livro "Jesus e os Direitos Humanos", organizado e coordenado pelos teólogos Ronilso Pacheco e João Luiz Moura, elaboramos uma lista de passagens bíblicas que inspiram a lutar em prol da igualdade e contra as injustiças nesta Páscoa.
Defesa dos pobres e marginalizados
Segundo a Bíblia, Jesus Cristo deu para todos os outros que o seguiam a tarefa de apartar os pobres, os marginalizados e indesejados pela sociedade. Tendo em vista essa missão, Cristo via a todos como iguais e desejava que fosse dado um tratamento mais cuidadoso a quem fosse mais necessitado.
Tal passagem se assemelha ao artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos". Jesus critica quem opta por dar dízimos, mas deixa de combater, como pode, as injustiças e desigualdades (Lucas 11:42). Além disso, condena o acúmulo de riquezas, principalmente advindas de roubos (Lucas 19:8-10).
O artigo 25 do documento da ONU (Organização das Nações Unidas) também aborda a questão das desigualdades, afirmando que: "Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos", entre outros.
O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor.
Lucas 4:18-19
Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas.
Lucas 11:42
A igualdade de direitos na Bíblia
Segundo os artigos 7, 9, 10 e 11 da Declaração dos Direitos Humanos, todas as pessoas devem ser julgadas por um tribunal isento, o qual deve garantir seus direitos. Elas também não podem ser presas arbitrariamente, pois são inocentes até que se prove o contrário. Essa premissa de que todos, independentemente de sua origem, devem ser tratados com direitos também está na Bíblia.
Além disso, em Mateus 25:36, Jesus fala mais uma vez da pessoa em situação de encarceramento e bendiz seu acolhimento. Ou seja, ele não prega o abandono e esquecimento de quem está nas prisões. Muito pelo contrário, prega sua humanidade.
Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.
João 8:7
Necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram.
Mateus 25:36
Desde que não ofenda, incite algum tipo de crime ou ameace outra pessoa, todos possuem o direito à liberdade de opinião, mesmo que ela provoque divergências — é isso que diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para Jesus, isso também era válido. Ao contrário de silenciar, agredir ou incitar ódio aos que discordavam de seus seguidores, ele os ensinava a amá-los (Mateus 5:44).
Muro na fronteira? Jesus pregou acolher estrangeiros
A nacionalidade e os direitos dos estrangeiros foram abordados por Jesus Cristo no Novo Testamento e estão presentes nos artigos 14 e 15 da Declaração dos Direitos Humanos. Para Jesus, assim como para a declaração, os estrangeiros devem ter seus direitos garantidos e devem ser acolhidos.
Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram.
Mateus 25:35
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que estás no céu.
Mateus 5:44
Cabe ao artigo 5 da Declaração Universal dos Direitos Humanos o seguinte: "Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante". O Novo Testamento mostra uma sociedade violenta na qual Jesus vivia, em que tais práticas eram comuns, até mesmo a pena de morte. Cristo, contudo, não defendia a tortura e nem a resistência armada.
Entre as liberdades individuais contempladas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, está a liberdade religiosa. Sabe quem também defendia a liberdade religiosa? Sim, Jesus!
Disse-lhe Jesus: 'Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada, pela espada morrerão'
Mateus 26:52
* Com informações de reportagem publicada em 07/04/2023.
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