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Alunos que ocuparam escolas agora miram em 'merenda seca'

J.Duran Machfee/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: J.Duran Machfee/Futura Press/Estadão Conteúdo

Em São Paulo

08/03/2016 14h21

Estudantes secundaristas que ocuparam as escolas estaduais contra a reorganização da rede no ano passado agora têm um novo alvo de protesto: a falta de merenda em parte dos colégios. Alunos de escolas que viraram símbolo das ocupações no ano passado, como Fernão Dias, Godofredo Furtado e Maria José, de regiões centrais e da zona oeste da capital, criaram páginas nas redes sociais e até um e-mail para divulgar e receber reclamações das refeição servidas na rede estadual.

A ideia surgiu em meio à Operação Alba Branca, do Ministério Público Estadual, que revelou uma quadrilha que superfaturava produtos da merenda na rede em pelo menos 22 prefeituras, mirando contratos da Secretaria Estadual de Educação. Também teve como origem uma série de reclamações sobre falta de merenda em algumas unidades. O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) já pediu esclarecimentos à Secretaria de Educação sobre suposta falta de alimentos nos colégios.

A página dos alunos no Instagram (@diario_da_merenda) foi criada há duas semanas. Já a do Facebook (Diário da Merenda) foi "reaproveitada": eles reciclaram uma página que já mostrava diariamente as merendas da rede municipal de escolas de Goiânia (GO). O grupo já tem cerca de 3 mil seguidores.

"Estávamos pensando em como levantar o movimento dos secundaristas pelas redes. Como está bastante em alta o assunto da possível CPI das Merendas, tivemos a ideia de fiscalizar (a merenda) diariamente", contou a estudante Lilith Passos, de 16 anos, aluna do 2º ano do ensino médio na Escola Estadual Maria José, na Bela Vista, região central de São Paulo.

As reclamações chegam diretamente para um e-mail criado pelos alunos (diariodamerenda@gmail.com). Eles podem enviar as fotos de seus próprios perfis para a página ou anonimamente. A divulgação da iniciativa, diz Lilith, está sendo feita nas próprias escolas.

Segundo as publicações, há dias em que as merendas se resumem a três rosquinhas de chocolate e Nescau. É o que foi publicado no dia 4 de março por um estudante da Escola Estadual Fernão Dias Paes, primeiro colégio da rede ocupado na capital no ano passado. Na Professor Gabriel Ortiz, na zona leste, um estudante aponta que foram servidos bolacha e café com leite.

Defesa

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informa que "98,7% das escolas estaduais têm oferecido merenda conforme o cardápio preparado pela equipe de nutrição da Pasta". E informa que, "os problemas pontuais apresentados em algumas escolas estão sendo acompanhados e resolvidos o mais rápido possível".

Segundo a Secretaria, "é importante destacar que o cardápio prevê, ao menos uma vez por semana, a oferta de alimentos ricos em cálcio, como vitaminas e achocolatados, o que é retratado em alguns casos mostrados pela reportagem. Alunos das escolas estaduais Fernão Dias Paes e Fidelino Figueiredo, por exemplo, postaram mais de uma foto da merenda que mostram a oferta de merenda que necessitam de cozimento, como arroz, feijão e carne e tortas".