Aulas de educação física mudam para aumentar inclusão em São Paulo
A cada ano, aumenta o número de alunos com deficiência nas escolas regulares e, consequentemente, o desafio de garantir uma real inclusão em todas as disciplinas. Pensando nisso, vários colégios têm mudado o formato de suas aulas de educação física, dando menos enfoque nas técnicas esportivas e mais atenção para o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos sobre o corpo humano.
De acordo com o Censo Escolar, o Brasil tinha, em 2015, 750 mil estudantes com deficiência matriculados em escolas regulares. Em 2005, eram apenas 114 mil. Para educadores, os números devem aumentar mais nos próximos anos e, por isso, é importante rever o papel da educação física - ainda hoje voltada para alunos com mais aptidão física.
"A ideia de que a educação física tem de ensinar esportes e focar em competição é uma visão deturpada e equivocada. Não temos que preparar atletas, mas ensinar sobre o corpo humano", disse Luis Henrique Vasquinho, coordenador do Colégio Anglo 21, no Alto da Boa Vista, na zona sul da capital.
Por buscar esse objetivo, o colégio usa nas aulas brincadeiras e atividades que exemplificam conteúdos, como a força muscular, aumento da frequência cardíaca e outros. "Todo aluno pode fazer atividades em que ele sinta o que ensinamos na teoria, seja ele cadeirante, surdo ou deficiente intelectual."
Esthefany Rodrigues, de 17 anos, nasceu com uma condição que impede seu crescimento. Foi com treinos de natação, desde os 3 anos, que ela superou os obstáculos físicos e conquistou 139 medalhas. Mas foi nas aulas de educação física na Escola Estadual Professor Geraldo Moreira, na zona leste, que ela descobriu outras habilidades. "Sempre gostei de participar das aulas, mas o que mais gosto é quando tem atividades de ginástica ou dança porque tenho um pouco de medo da bola", contou a estudante.
Marilda de Lima, professora de Educação Física da escola, disse que para um trabalho eficiente é preciso comunicação com os pais e o entendimento sobre a deficiência e as limitações de cada aluno. "Só depois que entendo bem a situação e pesquiso é que consigo pensar em como adaptar as atividades para de fato incluir aquele aluno. A participação efetiva traz benefícios para todos os colegas, que aprendem sobre respeito, cooperação, diversidade."
Tapa na bola
Um dos jogos que Marilda usa para a inclusão de todos é o "tapembol" - no qual os participantes dão tapas na bola, trocando passes até conseguir lançá-la ao gol. "É um jogo que permite adaptações se eu estiver com algum aluno que tenha dificuldade de locomoção. Não adianta trabalhar com esportes tradicionais se no fim alguém fica excluído."
No Centro de Educação Unificada (CEU) Quinta do Sol, na Penha, zona leste, um projeto em parceria com o Instituto Rodrigo Mendes fez a escola municipal se tornar referência na região para a inclusão. Dos 2 mil alunos, 50 são deficientes.
"Fazemos atividades que tragam benefícios para todos os alunos. Nossas aulas de Educação Física são voltadas para o desenvolvimento motor, coordenação, agilidade. Cada aluno, trabalha essas habilidades da melhor forma para ele", disse Valdinei Miranda, coordenador de esportes do CEU.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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