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Secretários de Educação criticam defesa de suspensão de aulas presenciais

Manifestação do Consed ocorre um dia após o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) pedir a suspensão do funcionamento das escolas - iStock
Manifestação do Consed ocorre um dia após o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) pedir a suspensão do funcionamento das escolas Imagem: iStock

Júlia Marques

São Paulo

02/03/2021 14h14Atualizada em 02/03/2021 18h34

O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) criticou por meio de nota hoje, o que chamou de "defesa da suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país". A manifestação do Consed ocorre um dia após o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) pedir a suspensão do funcionamento das escolas, entre outras medidas, para conter o avanço da pandemia no Brasil.

O conselho que reúne os secretários estaduais de Educação pondera que a maioria das escolas brasileiras, especialmente na educação pública, está fechada há quase um ano, "com graves prejuízos para aprendizagem e para os aspectos socioemocionais".

Diante desse contexto, o Consed sugere que comitês científicos, autoridades sanitárias e gestores educacionais definam, "localmente, com serenidade, sobre o modelo organizacional de ensino nas escolas, com segurança para estudantes e profissionais, observando os possíveis prejuízos educacionais que podem penalizar milhões de estudantes brasileiros".

Presidente do Consed, Vitor de Angelo diz que é preciso priorizar a educação e não se deve pensar o fechamento das escolas de um ponto de vista nacional. "Se algum comitê local avaliar que a escola foi determinante para o aumento do contágio, ali a escola deve fechar. Mas generalizar de antemão, defendendo a escola fechada, faz perder nuances regionais", diz ele, que é secretário estadual no Espírito Santo.

Ontem, com o aumento de casos da covid-19 em todo o País e alta ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), os secretários de Saúde defenderam a adoção imediata de "lockdown" nos Estados em que a ocupação dos leitos de covid-19 tenha alcançado mais de 85%, um toque de recolher nacional e a suspensão do funcionamento das escolas. Os gestores da saúde dizem que o Brasil enfrenta o pior momento da epidemia e criticam a falta "de uma condução nacional unificada e coerente" para a crise.

Como o Estadão mostrou, o agravamento da pandemia no País tem levado municípios e Estados a suspenderem ou adiarem o retorno presencial às escolas. No Estado de São Paulo, 114 municípios barraram o retorno dos colégios estaduais nas últimas semanas. Estados como Paraíba, Piauí e Paraná também decidiram suspender a volta às aulas neste momento diante da crise sanitária.

Em Pernambuco, a volta às aulas foi adiada no ensino fundamental e educação infantil (o que vale para rede estadual, municipal e privada). O ensino médio continua autorizado a funcionar.

Na manhã de hoje, o secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou à rádio CBN ser a favor de que as escolas sejam fechadas. O tema deverá ser discutido internamente. No Estado de São Paulo, as escolas foram consideradas serviços essenciais, como supermercados e farmácias. Isso significa que podem ficar abertas mesmo nas fases mais restritivas da quarentena.

O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, tem defendido que as escolas sejam as últimas a fechar e as primeiras a abrir, uma vez que o longo tempo de fechamento vem causando prejuízos às crianças e adolescentes. O governo estadual definiu um toque de restrição noturno, mas o comércio não essencial pode continuar operando em municípios que não estão na fase mais restritiva da quarentena, como a capital. Na segunda, o governador João Doria (PSDB) definiu igrejas também como atividades essenciais no Estado.