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Estudantes de medicina protestam contra Gama Filho na retomada da CPI das universidades privadas

Estudantes de medicina da Gama Filho protestam em frente a Galileo Educacional  - Felipe Martins/UOL
Estudantes de medicina da Gama Filho protestam em frente a Galileo Educacional Imagem: Felipe Martins/UOL

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

21/02/2013 16h05

Estudantes de medicina da Universidade Gama Filho fizeram nesta quinta-feira (21) uma manifestação contra o Grupo Galileo Educacional, mantenedor da instituição. Os estudantes iniciaram o protesto pela manhã na escadaria da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), onde recomeçaram nesta manhã os trabalhos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das universidades particulares.

Os estudantes querem uma definição quanto ao convênio mantido com a Santa Casa. Até o ano passado, os alunos de medicina faziam residência nas instalações da unidade filantrópica de saúde, mas as aulas que deveriam ter começado na última segunda-feira (18) foram adiadas.

Em 2012, o convênio chegou a ser interrompido, mas foi negociada a retomada da parceria para aquele ano letivo.

“A mantenedora não estabeleceu nenhum diálogo. A gente não sabe se vão pagar o convênio ou se vão romper o convênio de vez. A única explicação no site é que as aulas foram adiadas. Era para ter começado na segunda (18) e agora está previsto para apenas dia 7 de março, sem explicar o porquê”, disse o presidente do Centro Acadêmico de Medicina da Gama Filho, Rafael Iwamoto.

Os alunos protestam ainda contra o fechamento de quatro campi da Gama Filho e da UniverCidade, ambas as instituições administradas pelo Grupo Galileo Educacional. O movimento dos estudantes estima que pelo menos dez mil alunos foram prejudicados com a mudança de local.

“Só com curso de medicina a Galileo arrecada mais de R$ 6 milhões por mês, mas não tem investido em nada. Não tem pagado os professores, não pagam o convênio com a Santa Casa. Estamos aqui para apoiar a CPI e cobrar do Ministério da Educação uma solução. Não é admissível os estudantes de medicina se formarem sem aula prática”, disse o presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes) Igor Mayworm.

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O representante do Grupo Galileo Educacional foi convocado para depor na comissão nesta quinta-feira e, mais uma vez, não compareceu. Da Alerj, os estudantes seguiram para a sede administrativa do Grupo Galileo, na rua Sete de Setembro, também no centro do Rio de Janeiro.

A reportagem do UOL procurou o Grupo Galileo Educacional, mas até  o fechamento desta reportagem ninguém respondeu o contato.

CPI do ensino superior privado

Na retomada dos trabalhos da CPI das universidades privadas, o chanceler da Universidade Santa Úrsula em 2012, Ruy Muniz, e o atual diretor da Suesc (Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura), José Paulo Teixeira Azevedo, foram ouvidos na manhã desta quinta-feira.

A Santa Úrsula é investigada por se apropriar indevidamente do FGTS dos funcionários. Na CPI, Muniz, que assumiu neste ano a prefeitura de Montes Claros (MG), admitiu a dívida de cerca de R$100 milhões da instituição.

“Nosso principal problema foi a concorrência com as outras universidades. A  crise da Santa Úrsula começa em 2001. Outras instituições ampliaram seus campi", afirmou. "Vivemos uma situação de evasão de alunos a ponto de em 2011 se propor o fechamento da instituição.”

“Fizemos um acordo com o TRT de negociação dos R$ 58 milhões de dívidas trabalhistas e com a receita para o pagamento de R$48 milhões de dívidas fiscais. Não tenho dúvida que a Santa Úrsula tem toda a capacidade de se recuperar, ampliar novamente o número de alunos”, disse.

Já o diretor da Suesc foi chamado à comissão para falar sobre a suspeita de utilização de documentos falsos pela Suesc  para se apropriar de um prédio pertencente ao TCE (Tribunal de Contas do Estado). No entanto, seu depoimento deixou sem resposta a maioria das perguntas feita pelo relator da CPI, deputado Robson Leite (PT), e o presidente da comissão , deputado Paulo Ramos (PDT).

Azevedo afirmou que toda a responsabilidade administrativa e fiscal era de responsabilidade da mantenedora, a Uniesp, sediada em São Paulo.

“Esse representante da Suesc veio aqui para não responder nada. Veio aqui para não prestar esclarecimentos. Foi uma tática da instituição para ganhar tempo”, disse o presidente da comissão, deputado Paulo Ramos.

Para a próxima terça-feira (26), a CPI pretende convocar o presidente da Uniesp, Stefano Costa, e o representante do Grupo Galileo Educacional. 

Histórico

 

A CPI das Universidades Privadas foi instituída em junho do ano passado. Até o momento, já são 70 os estabelecimentos de ensino superior investigados pela comissão em irregularidades como gestão fraudulenta, enriquecimento ilícito, desvio de recursos públicos, apropriação indébita, não cumprimento de obrigações trabalhistas, assédio moral, lavagem de dinheiro, propaganda enganosa e criação de monopólios.