Professores da rede pública do RJ anunciam paralisação para 21/3
Cerca de quinhentas pessoas participaram na noite de ontem (5) da Marcha da Educação, caminhando da Candelária até a Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro. Professores e funcionários das redes municipal e estadual fizeram a manifestação por aumento salarial e por investimentos na educação pública.
O Sepe-RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do RJ) decidiu em assembleia por uma nova paralisação de 24 horas em toda a rede estadual no dia 21 de março, data em que o sindicato decidirá sobre uma possível greve no Rio de Janeiro. O Sepe reivindica um piso de 5 salários mínimos [cerca de R$ 3.500] para os professores e de 3,5 [cerca de R$ 2.500] para os funcionários da escolas da capital fluminense. O piso do município hoje está em dois salários mínimos, o que equivale a vencimentos de cerca de R$ 1.400.
"Queremos também ter autonomia para escolher o material escolar que os alunos vão usar durante o ano. A prefeitura do Rio fornece os cadernos pedagógicos dos alunos e nós entendemos que o professor é quem deve escolher como vai dar a matéria e indicar os livros. É muito diferente dar aula em Ipanema ou na Maré. Todos os alunos vão aprender a mesma matéria, mas nós queremos indicar a maneira", explicou a coordenadora do Sepe na capital, Susana Gutierrez.
De acordo com a presidente do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior), Marinalva Oliveira, que está no Rio de Janeiro para um Congresso do sindicato, os movimentos sociais também lutam para que 10% do PIB seja destinado para a educação agora e não em dez anos, como quer o governo. "Queremos uma educação pública de qualidade, gratuita e laica. Tem dinheiro para Copa, mas não para a educação? Precisamos de melhores condições de trabalho e salários mais altos em instituições do Brasil todo", disse ela.
Durante o trajeto, os manifestantes ocuparam duas faixas da avenida Rio Branco. Entre eles estava o professor de matemática da Uesb (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), Jorge Barros, vestido de palhaço. "Há uma desvalorização da educação no Brasil. Só vestido assim para chamar a atenção para a nossa causa. Precisamos de investimento na educação pública brasileira", disse ele.
No fim da passeata, os manifestantes soltaram dois mil balões pretos em sinal de luto. "Os governantes estão enterrando a educação pública", disse Beatriz Tapajós, professora da rede municipal de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, e representante do Sepe.
Números oficiais
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que apenas 1,03% dos professores e 0,06% dos profissionais de apoio não trabalharam no turno da manhã desta terça-feira (5). Das 1.072 escolas, apenas duas não tiveram atendimento no turno da manhã.
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