Sem vaga em universidade pública, brasileiro vai para Cuba e se forma em medicina
O brasileiro M.S., 27, se formou em medicina pela Elam (Escola Latino-Americana de Medicina) em 2012. No mesmo ano, conseguiu a revalidação do diploma cubano para exercício da profissão no Brasil pelo exame Revalida.
Formado em Havana por uma das escolas mais conhecidas do país, o brasileiro conta que sua preparação para o exame de validação do diploma começou antes mesmo de terminar a faculdade, no quinto ano da graduação, quando ainda morava em Cuba. “Depois fiz um intensivo preparatório para residência médica aqui no Brasil e outro curso prático para passar nos exames.”
De origem humilde, sempre quis ser médico, mas “o acesso à educação de qualidade nunca esteve ao meu alcance”, diz.
“Não teria passado se não fosse o apoio da família, que fez um grande esforço para que eu estudasse e me preparasse para o Revalida. Também não teria me formado em medicina sem a bolsa de estudos que ganhei de Cuba, com moradia, alimentação e livros pagos.”
Dificuldade para entrar em uma universidade pública, falta de condições financeiras para pagar uma particular, inexistência de vestibulares de admissão em universidades de medicina de determinados países são alguns dos motivos que empurram uma leva de brasileiros a estudar no exterior.
Oportunidade
M.S. sempre estudou no que chama de “escola pública sucateada”. O seu rumo só mudou de direção quando conheceu um cursinho popular na cidade do interior de São Paulo onde vivia. Cursava o ensino médio pela manhã, o pré-vestibular à noite e tinha que estudar também aos fins de semana.
Depois de tentar o vestibular de medicina e ser reprovado, soube da bolsa de estudos para Cuba. Concorreu com 300 candidatos, de onde saíram cem selecionados.
“Costumo dizer que não fugi do vestibular do Brasil, mas fui aceito em Cuba pela minha capacidade intelectual e cognitiva. Acho interessante quando me fazem a pergunta: mas por que Cuba? Ninguém nunca me pergunta: por que não estudou aqui no Brasil? A resposta é que o meu país não me abriu as suas portas.”
Com o diploma validado em mãos, M.S. se mudou para o interior do Nordeste, onde trabalha com uma equipe multidisciplinar de saúde da família que atende populações da zona rural.
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