Brincadeira em juramento da PUC-Rio atrasa formatura de alunos
Uma brincadeira feita por uma aluna do curso de cinema da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) durante a colação de grau, em janeiro deste ano, atrasou a entrega do diploma em pelo menos dois meses. Ao fazer o juramento do curso de graduação diante de familiares e amigos durante a solenidade, a aluna adicionou as palavras "ou não" ao final de cada frase.
"Prometo exercer minha profissão, com espírito de quem se entrega a uma verdadeira missão de serviço, tendo sempre em vista o bem comum (ou não)
Dedicar-me a conhecer e avaliar a realidade social e aprofundar meus conhecimentos, a fim de satisfazer as necessidades da sociedade (ou não)
Aplicar-me à busca da verdade, à realização da justiça e à defesa dos direitos fundamentais do homem (ou não)"
A formanda Maria Eduarda Barreiro, que estava na cerimônia, contou que o grupo de alunos na colação era pequeno, mas muitos não sabiam do que a aluna ia fazer e não entenderam a mudança do discurso. Eles estranharam, mas não intercederam e deixaram a aluna terminar.
"Muita gente ficou surpresa, chocada. Quando ela terminou o discurso, ela sentou e um menino falou: "Você mudou o juramento?". Ela respondeu: "Sim". E riu. Ela deve ter imaginado que seria engraçado e não causaria problemas", contou a aluna.
Segundo o diretor do departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, César Romero, que estava presente no momento do juramento, ele optou por não paralisar a cerimônia para não criar um transtorno.
"Os pais estavam felizes, não quis estragar aquele momento. Ela começou a fazer a "brincadeira" e eu percebi que alguns alunos não estavam entendendo e, por isso, não repetiam o juramento, como deveriam fazer. Achei que a paralisação poderia gerar um bate-boca no momento. Peguei o vídeo e levei para a administração geral da universidade, para que eles decidissem o que fazer. Eles resolveram pela anulação da cerimônia e a marcação de uma nova data para fazer O juramento é um ato sério, não pode ser levado na brincadeira", explicou Romero.
Como foi feita em janeiro, durante as férias, a cerimônia de colação de grau só pode ser repetida em meados de março, algumas semanas após as aulas retornarem. Para os alunos que não puderam comparecer à segunda solenidade, feita dentro da universidade e sem pompa e presença de familiares e amigos, a PUC-Rio marcou uma segunda data, no dia 10 de abril.
Problemas
Participando de um processo seletivo, Maria Eduarda não pode ir a nenhuma das duas e mandou o pai representá-la na segunda. Logo após, a cerimônia, a aluna conseguiu um emprego, mas não pode entregar o diploma que comprovava que ela tinha terminado o curso em dezembro de 2012, por causa do atraso no juramento.
"Eu não sabia como explicar para o RH da empresa, que uma pessoa tinha feito uma brincadeira no juramento e eu não tinha conseguido pegar meu diploma ainda. Fiquei com medo de eles não acreditarem em mim. Levei o convite da minha formatura e um papel mostrando que eu não tinha mais créditos a cumprir, como comprovação. A minha sorte é que eles foram compreensivos e alargaram o prazo. Se não fosse a compreensão, eu poderia ter perdido um emprego que eu demorei meses para conseguir", conta Maria Eduarda. "É uma falta de respeito".
De acordo com Romero, a aluna responsável pela brincadeira compareceu à primeira remarcação do juramento e pediu desculpas para os alunos que estavam presente.
"Eu sei que eu fui imatura, mas não quis causar problema e polêmica com ninguém. Essa história está virando uma bola de neve. Eu escrevi uma carta com um pedido de desculpas para a universidade, os alunos e os familiares logo depois do ocorrido. Eu sinto muito", disse a aluna que fez o juramento à reportagem do UOL e pediu para não ter o nome divulgado.
Confira trechos da carta de desculpas
"Quando, no dia 25/01, última sexta-feira, recebi seu telefonema, informando-me sobre a gravidade da minha negligência ao “brincar” no momento em que, representando a turma de Cinema, prestava o juramento da carreira que ali se iniciava e que assumíamos seguir, fiquei tão surpresa e assustada que mal consegui externar ao senhor a minha angústia, a minha preocupação e o meu sincero desconhecimento sobre a seriedade e as consequências desse meu ato imprudente.
Confesso, senhor Vice-Reitor, que não havia entendido realmente a formalidade e a importância daquela Cerimônia.
É com muito constrangimento e humildade que venho por meio desta apresentar minhas mais sinceras desculpas pelo constrangimento e mal-estar que causei à nossa Instituição, à comunidade acadêmica e, em especial, aos dirigentes da PUC-Rio e aos meus colegas e suas famílias.
Gostaria de ressaltar que, de fato, não era essa a minha intenção. Reconheço, hoje, que agi imprudentemente, não tendo medido as sérias consequências de minha ação.
[...]
Foi o que me aconteceu e peço as mais sinceras desculpas. Este “pontapé” na vida adulta foi muito importante para mim, com esse erro aprendi que certas liturgias devem ser respeitadas, pois são sagradas e indeléveis."
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