Hospedar estrangeiro é opção para quem não tem dinheiro para viagem
Se você quer treinar um idioma e ter contato com uma cultura diferente, mas a grana está curta para bancar um viagem de estudos no exterior, vale considerar o movimento inverso e hospedar em casa um intercambista de outro país.
Tanto os estrangeiros que decidem vir aqui quanto os brasileiros que oferecem suas moradias atestam que a experiência é enriquecedora e vai além de se comunicar em outra língua. Entre os pontos positivos, quem já hospedou intercambistas cita o aprendizado tirado a partir das diferenças culturais e ser anfitrião informal no Brasil. Sobram também boas recordações para uma vida toda e mesmo as eventuais choradeiras que surgem quando o intercâmbio acaba são levadas na esportiva.
“O que mais me emocionou no Dia as Mães deste ano foi receber o telefonema de uma intercambista que morou comigo. Ela me ligou de Tacona (Washington DC) para dizer que serei sempre a mãe dela”, conta a enfermeira obstetra Maria Joana Siqueira, 54, que mora em Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, em São Paulo.
Ela integra o sistema de homestay (moradia em casa de família) oferecido pela Universidade Metodista de São Paulo a seus intercambistas estrangeiros. A instituição é uma das poucas que fornece ajuda financeira de até mil reais mensais, incluídas as refeições nesse valor. “A família recebe esse apoio porque tem a responsabilidade de oferecer o café da manhã e o jantar ao aluno. Essa ajuda de custo é para que a família possa realizar esse trabalho”, explica a assistente de Relações Internacionais da Metodista, Gisele Rosa de Sousa.
Para participar, a pessoa preenche um formulário, envia fotos das acomodações e recebe uma visita de vistoria das instalações. “Não é necessário luxo, mas é preciso, no mínimo, uma boa higiene”, avisa. Depois, ocorrem orientações e reuniões com as partes envolvidas, que não precisam dominar um idioma estrangeiro como requisito para serem aceitas no programa.
“Não é visita”
O estudante de ciências contábeis Radif Jorge Neto, 19, abre as portas da casa onde vive, em Uberlândia, em Minas Gerais, a intercambistas da Aiesec no Brasil, organização que promove o intercâmbio de estudantes no exterior.
Para isso, teve que conversar com a mãe para esclarecer o papel de uma host family (como são chamadas as famílias que recebem um estrangeiro). Ela receava ter de cozinhar algo especial todos os dias. Ele explicava que o intercambista não era uma visita. Sendo assim, não era para ser tratado como tal.
Apesar do esforço, a conversa não deu certo. Nas duas vezes que recebeu intercambistas, a mãe de Radif lavou a roupa suja das meninas. O gesto foi uma gentileza, mas não consta como uma das funções de uma host family.
Geralmente, a host family tem de ajudar os intercambistas em dúvidas cotidianas relacionadas à vida no Brasil e, principalmente, “estar disposto a conviver com um estrangeiro, aprendendo com ele”, lembra a diretora de comunicação da Aiesec no Brasil, Ana Luísa Gomide.
Em termos estruturais, espera-se uma cama livre, acesso à internet, e que a família atenda as necessidades básicas do intercambista. A Aiesec costuma visitar as casas de famílias antes de o estrangeiro chegar ao país, para garantir boas condições de vida para ele.
A estadia pode ser de seis a 12 semanas quando o intercâmbio é de trabalho voluntário ou de três a 12 meses no caso de estágios em empresas. Nas duas situações, uma ajuda de custo pode ser combinada ou, então, um pacote de aulas de inglês, espanhol ou francês é fechado em troca da moradia.
Há ainda outras opções para hospedar estrangeiros em casa. Se há instituições de ensino superior perto do lugar onde mora que recebem esses alunos, é bem provável que haja um sistema de homestay.
O Lions Club no Brasil e o Rotary Club no Brasil também recebem intercambistas. Para se se candidatar a host family, sem se tornar um sócio das duas entidades, a pessoa precisa ir à sede mais próxima e ver se atende ao perfil das famílias procuradas.
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