Aluno que matou professora dentro de escola é condenado a 16 anos de prisão
A Justiça de Itirapina (a 227 km de São Paulo) condenou, nesta terça-feira (23), o estudante Thomas Hiroshi Haraguti, 34, a 16 anos e oito meses de prisão pela morte da professora de português Simone de Lima, assassinada a facadas dentro da escola estadual onde lecionava, em março de 2013. Os advogados de defesa vão recorrer da sentença.
Para a família da professora, morta aos 27 anos de idade, a pena foi muito baixa. “Foi um crime bárbaro. Esperávamos uma punição maior. A morte dela foi e vai ser pra sempre muito sofrimento para nós”, lamentou Carla Fernanda de Lima, irmã da docente.
Haraguti respondia por homicídio duplamente qualificado – quando o crime ocorre por motivo fútil e sem chance de defesa da vítima. Segundo a advogada assistente de acusação, Luzia Helena Sanches, a pena foi justa, considerando que o agravante de motivo fútil foi afastado. Entretanto, a acusação esperava pelo menos 20 anos. “Juridicamente a pena foi justa, uma vez que uma das qualificadoras foi afastada, mas nós queríamos uma pena mais alta, que estivesse de acordo com o anseio da família da vítima”, disse a advogada.
Já o advogado de defesa, Álvaro Francisco Marigo, informou que vai recorrer da sentença porque o réu deveria ter sido absolvido por sofrer de Síndrome de Misoginia Involuntária – quando uma pessoa sofre de verdadeiro ódio por outra, especialmente por uma mulher, o que pode levar a um crime. "Nós estávamos prevendo a absolvição. Ele tem bons antecedentes e é réu primário. Nós entendemos que ele sofreu da Síndrome de Misoginia Involuntária. A lei prevê que ele seria inimputável", explicou.
Após a condenação, Haraguti passou a noite na Penitenciária de Itirapina, mas já retornou na manhã desta quarta-feira (24) para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na capital, onde estava preso há mais de um ano enquanto aguardava o julgamento.
O caso
Simone Lima foi morta à facadas na sala dos professores na Escola Estadual Professor Joaquim de Toledo Camargo, em março de 2013. Ela foi socorrida, mas não resistiu. O estudante, que participava do programa de EJA (Educação de Jovens e Adultos), foi preso poucas horas depois e confessou o crime.
Para a polícia, o motivo do crime teria sido passional, já que o estudante era apaixonado pela docente. Na época, a irmã da vítima, Silmara de Lima, disse que essa seria a única hipótese para o crime.
Segundo nota divulgada pela Polícia Civil, em seu interrogatório, o homem disse que "tinha bronca da professora, que se sentia humilhado e praticou o crime por ódio, porém, não explicou com detalhes os motivos".
Um mês após o crime, a família entrou com uma ação contra o Estado de São Paulo pedindo uma indenização de R$ 400 mil por danos morais, com a alegação de que faltou segurança na escola e que os parentes da vítima não tiveram assistência após o assassinato. Na época, a Secretaria de Educação do Estado negou a falta de segurança na unidade e informou que prestou apoio em caráter excepcional à família.
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