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Canal do YouTube usa games clássicos para ensinar filosofia

Carlos Oliveira

Do UOL, em São Paulo

17/10/2014 06h00

O que os filósofos Platão e Jean Paul Sartre têm em comum com games do Nes, videogame da década de 1980? Dois cineastas norte-americanos se perguntaram isso para criar uma série de vídeos educativos unindo teorias muitas vezes difíceis com jogos clássicos.

Os episódios do 8-Bit Philosophy estão disponíveis no YouTube (acesse aqui, em inglês). Criados por Jacob S. Salamon e Jared F. Bauer, eles são inspirados sucesso de uma outra série da dupla, a Thug Notes (acesse aqui). Nesta, um “mano” abusa das gírias para resumir e analisar de forma séria obras literárias que vão de “Édipo Rei” e “Macbeth” a “Jogos Vorazes” e “O Hobbit”.

“Depois de fazer o Thug Notes, sabíamos que o próximo assunto que queríamos abordar era a filosofia”, diz Bauer. A questão se tornou “Como podemos deixar a filosofia mais palatável e não tão séria?”, conta.

Os criadores acharam divertido unir games e filosofia e viram público potencial na grande quantidade de vídeos dedicados a games no site de vídeos.

Animações

A primeira animação usou gráficos de “The Legend of Zelda” para dar conta da alegoria da caverna, de Platão. Logo personagens de Mario viraram proletários explorados que explicam teorias de Karl Marx e o azulão Megaman se viu atirando no vilão Willy para entender conceitos de Friedrich Nietzsche.

Immanuel Kant e o jogo de tiro Contra se fundiram em “Kantra - Os humanos operam como computadores?”.

Conceitos de René Descartes, Martin Heidegger, Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir e outros filósofos também são abordados.

Perguntado sobre se o público do YouTube parece entender os conceitos, Bauer diz que a reação tem sido mista. “Esse tem sido o maior desafio do projeto - tentar educar os leigos enquanto satisfaz os especialistas. É um equilíbrio muito delicado”, relata.

Processo

Para escolher o tema do episódio, Bared diz que lê textos introdutórios de filosofia e recebe consultoria de dois acadêmicos da área, Mia Wood e Matt Reihcle. Como a equipe é muito ocupada, geralmente só tem tempo para falar sobre jogos antigos.

“Então eu passo horas assistindo a vídeos de jogos de Nesno YouTube”, conta o cineasta.

A produção dos vídeos é feita por um animador que está na Coreia do Sul, tornando a diferença de fuso a maior dificuldade de todo o processo.