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Alunos decidem ocupar escola estadual em SP contra reorganização escolar

Marcelle Souza

Do UOL, em São Paulo

10/11/2015 10h50Atualizada em 10/11/2015 16h39

Cerca de 30 policiais militares isolaram a calçada da Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, São Paulo, na manhã desta terça-feira (10). Estudantes da instituição chegaram por volta das 6h e iniciaram a ocupação do local. Eles são contra o fechamento de escolas e a reorganização da rede estadual pública.

Segundo uma funcionária da escola e mãe de aluno, que não quis se identificar, os estudantes chegaram com as próprias correntes e cadeados. 

A Escola Estadual Fernão Dias não vai fechar, porém terá apenas um ciclo de ensino. Os alunos temem a superlotação das salas com a chegada de estudantes de outras instituições.

Mãe de dois alunos da escola, Maria de Fátima Bonfim de Jesus chegou ao local pela manhã e encontrou os portões fechados. "Vim ver se o cartão do meu filho tinha chegado. Não sabia que isso [ocupação] tinha acontecido", disse. "Liguei para casa e eles já estavam lá. Não teve aula."

Maria reclama que os pais não foram informados ainda sobre como será feita a reorganização. "A gente não sabe nada, não informaram nada. Fiquei sabendo pela TV que vão falar depois do dia 14", afirmou. A doméstica mora em Cotia e diz que não gostaria que seus filhos mudassem de escola. "Quatro filhos meus estudaram aqui [dois deles já se formaram]. Foi uma luta para conseguir vaga para os nossos filhos."

Marcia Balades passou a manhã na porta da escola para acompanhar de longe a filha, uma aluna do 3º ano que está dentro da unidade. "Essa reorganização não foi discutida, foi simplesmente imposta. A desinformação gerou um medo, uma especulação", disse a analista. Ela apoia a filha, mas teme a entrada da PM na escola. "Estou super preocupada com a ação da PM. Perdi o dia de trabalho para acompanhar o que vai acontecer", afirmou.

No meio da manhã, representantes da diretoria regional de ensino foram até o portão para conversar com os estudantes, que decidiram não deixar a escola. "Não há negociação, porque não há um líder, não tem demanda. Não cabe a nós revogar a reorganização. Eles podem questionar, mas não podem prejudicar outros alunos", afirmou a supervisora da escola, Cecília Sarno. "Essa região não tem aluno, já temos salas ociosas. Estamos tentando reviver essas escolas", disse.

Uma nova assembleia deve ser realizada às 14h para decidir os próximos passos do protesto. A PM que está no local disse que não vai se manifestar.  

Por volta das 12h50 um ônibus enviado pela PM chegou para levar os estudantes para a delegacia. "Eles [policiais militares] estão alegando algum dano ao patrimônio público e invasão. Mas isso não é uma invasão. Eles estão ocupando o espaço público como uma forma legítima de manifestação", afirmou a defensora pública Mariana Delchiaro.