Questão da Cisplatina (1) - Cone Sul e investida dos bandeirantes
A partilha das terras do Cone Sul entre portugueses e espanhóis viria a se tornar problemática a partir do último quarto do século 16. O Tratado de Tordesilhas, assinado pelas duas coroas, previa que o meridiano divisor de terras passaria a 370 léguas marítimas a oeste do arquipélago de Cabo Verde, situado no extremo oeste da África.
Já, de saída, havia um aspecto problemático nessa divisão. O fato de Cabo Verde ser um arquipélago composto de cinco ilhas gerava uma confusão sobre o ponto exato a partir de onde deveriam ser contadas as 370 léguas marítimas.
Não se pode perder de vista o fato de as colonizações ibéricas em território americano terem se iniciado com atividades econômicas distintas. Na América espanhola, com a mineração do ouro e principalmente da prata; na América portuguesa, como não haviam sido encontrados, num primeiro momento, os metais preciosos, a produção açucareira tornou-se o motor da colonização.
Fundação de São Paulo
A fundação da vila de São Paulo de Piratininga, na capitania de São Vicente, aliava o projeto dos jesuítas de catequese dos nativos da região à possibilidade de um ponto de partida rumo ao lado espanhol, na esperança de se encontrar ouro e prata.
Potosí, no Vice-Reinado do Peru, foi o segundo núcleo de colonização castelhana na América e a fundação de São Paulo, em 1554, se deu 20 anos após ter sido encontrada a prata naquela região.
No século 17, além das investidas dos bandeirantes paulistas contra as missões jesuíticas ao longo dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, o Maranhão também era motivo de preocupação para a coroa da Espanha. Isso porque havia a possibilidade de, através do Amazonas, os portugueses investirem contra o território peruano.
Missões sob ataque
No caso dos bandeirantes, particularmente, as expedições de aprisionamento de índios que atingiram os aldeamentos dos jesuítas os colocavam a um passo de terras hispano-americanas, embora colonos de ambos os lados tivessem se beneficiado e até se unido para atacar as missões e se abastecer de mão-de-obra escrava indígena.
Rompida a barreira que a extensa área das missões representava, os comerciantes portugueses passaram a frequentar o Paraguai, cujo território se estendia até onde hoje ficam os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, numa clara violação ao pacto colonial hispano-americano.
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