Topo

Para melhorar resultados de inclusão, união entre família e escola é fundamental

Lucas, 5, tem síndrome de Down; seus pais fizeram questão de que ele frequentasse classes com crianças consideradas "normais" - Leonardo Soares/UOL
Lucas, 5, tem síndrome de Down; seus pais fizeram questão de que ele frequentasse classes com crianças consideradas "normais" Imagem: Leonardo Soares/UOL

Mariana Monzani

Do UOL, em São Paulo

30/09/2012 06h00

Para que uma experiência de inclusão seja bem sucedida na creche ou na escola, união entre os pais, a escola, o poder público e a sociedade é fundamental.

“Se a escola tem um trabalho consistente com as crianças e voltado para os pais, eles também passam por transformações significativas. Esse é um processo que dura, no mínimo, de três a cinco anos, período em que os pais estão mais próximos da instituição e dos filhos e isso deve ser aproveitado”, explica Marie Claire Sekkel, do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo).

Segundo o livro "Inclusão de Pessoas com Deficiência e/ou Necessidades Específicas: Avanços e Desafios", da autora Margareth Diniz, a escola deve ser um lugar que seja sensível às necessidades de todos que participam dela, integrando a criança na sociedade como cidadão comum.

 

Criança “normal”

Os pais de Lucas Alves de Patto Lima, 5s, que tem síndrome de Down, descartavam a ideia de coloca-lo em uma escola “especial”. “Queríamos que o Lucas tivesse como espelho crianças com desenvolvimento considerado ‘normal’, o que, no nosso entendimento, faria ele se espelhar nessas crianças e buscar um desenvolvimento parecido com o delas”, explica Éber de Patto Lima, 39, pai do garoto.

Para sua mãe, Dirlene Alves de Brito, 49, Lucas  ganhou muito nesse tempo em que está matriculado na Creche Pré-escola Oeste da USP (Universidade de São Paulo). “O Lucas adquiriu vários aprendizados, regras, hábitos saudáveis, rotina, participação, o que ajudou no desenvolvimento da linguagem oral, ampliando seu vocabulário”, explica Dirlene.

Para a equipe da creche, cada criança que chega ao grupo com cerca de 60 pequenos é um novo desafio que será superado pelo grupo de profissionais – das pedagogas aos integrantes da cozinha. Algumas delas têm deficiências físicas ou intelectuais ou trazem um histórico de vida que pedem alguma adaptação da rotina. Já houve caso em que a refeição teve de ser pastosa para atender uma criança que se alimentava por meio de um tubo. 

Prislaine Krodi, psicóloga da Creche Pré-Escola Oeste da USP, lembra de um caso de uma criança autista que se incomodava com o barulho dos colegas e saía correndo pelo prédio. Os funcionários da escola conseguiram, com o tempo, negociar que o menino parasse de fugir da sala, ao mesmo tempo em que explicaram para os amigos da classe que seria melhor se o grupo não fizesse tanto barulho.