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Protesto com churrasco em frente à reitoria pede democracia na USP

Lucas Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

30/08/2013 16h45

Após bloquearem pela manhã o acesso principal da USP (Universidade de São Paulo), estudantes e funcionários da instituição se reuniram na frente da reitoria para uma aula pública sobre a precarização do trabalho. Durante o evento, foi organizado um churrasco e os estudantes pediram mais democracia na escolha do reitor.

“Esse semestre temos eleição para o reitor da universidade. Menos de 1% da comunidade universitária pode opinar e quem dá a palavra final é o governador de Estado. Achamos que isso é um absurdo, precisa mudar”, diz Arielle Moreira, 23, representante do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre).

Contudo, Neli Maria Paschoareli Wada, diretora do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), acredita que apenas eleições diretas não são suficientes. “É necessário ter uma reforma do estatuto, porque ele se reporta a decretos-leis que são da época da ditadura militar”.

O reitor da USP, João Grandino Rodas, propôs, em julho, eleições diretas para dirigentes da instituição e afirmou que está na hora de "ampliar a democracia na universidade". Com a intenção de promover o debate sobre o tema, foi lançado o site www.democracia.usp.br. No endereço, também serão recebidas sugestões até o dia 20 de setembro. O tema será debatido na sessão do Conselho Universitário, já convocada para o dia 1º de outubro.

O DCE da USP afirmou na época, em nota publicada no Facebook, que os estudantes não confiam no reitor. "Se de fato houver democratização, nada mais será do que um resultado de nossas reivindicações, e um reflexo da conjuntura de luta e ofensiva social que vemos atualmente em todo país", diz a nota.

Aula pública

O ato que paralisou pela manhã a avenida Alvarenga, um dos principais pontos de acesso à instituição, foi 'vitorioso' para Arielle. A aula pública dada pelo professor Ruy Braga tratou de temas relativos às manifestações do mês de junho.

Foi organizado também um debate sobre racismo no prédio do curso de ciências sociais. “Essa atividade tem a ver com o caso de um estudante cabo-verdiano, que foi agredido, e também com os 1.001 casos de racismo que acontecem”, explica Thaís Santos, 20, estudante do 4º ano do curso. 

Condições de trabalho

A representante do sindicato reclama das condições de trabalho dentro da universidade. “Só para ter uma ideia, a guarda universitária na segunda-feira paralisou por essa situação. Há dois chuveiros para 80 homens e 5 mulheres. Eles estão usando um vaso sanitário quebrado, no meio de reformas, paredes quebradas”, diz.