Unicamp deixa decisão sobre PM para conselho; estudantes mantêm ocupação

A direção da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) recuou e irá delegar ao Conselho Universitário a decisão de permitir o patrulhamento da PM (Polícia Militar) dentro dos campi da instituição. A proposta só irá vigorar se for aprovada pelo Conselho, que reúne representantes de alunos, professores e reitoria. A decisão atende reivindicação dos alunos, que ocupam o prédio da reitoria desde quinta-feira (3).

Em uma reunião que começou por volta das 18h e terminou às 23h30 de ontem (7), os estudantes decidiram, mesmo com a nova posição da Unicamp, permanecerem ocupando a reitoria por pelo menos mais um dia. Uma nova assembleia deve ser realizada hoje (8) para decidir sobre o fim da ocupação.

A reitoria, que tem uma ordem judicial de reintegração de posso já concedida pela polícia, afirmou que "continua aberta ao diálogo e esgotará todas as possibilidades de negociação na expectativa de que a desocupação do prédio ocorra de maneira pacífica".

A autorização para que a PM patrulhe os campi foi dada em 27 de setembro, seis dias depois da morte do universitário Denis Papa Casagrande, 21, durante uma festa clandestina realizada dentro da Unicamp. Ele levou quatro facadas. Três pessoas foram indiciadas pelo crime.

Segundo Lígia Carrasco, uma das da Comissão de Negociação da Ocupação, existe a possibilidade de uma greve na instituição. A Faculdade de Educação aprovou a greve ontem e paralisa suas atividades hoje. O Instituto de Artes fará paralisação por três dias e o Biologia, por dois.

Assembleia

Pouco antes da reunião com representantes da reitoria, os estudantes realizaram uma assembleia onde foi deliberado que a ocupação seria mantida. Cerca de 700 universitários, de acordo com o DCE, compareceram ao evento.

“O movimento estudantil cobra uma declaração, também em coletiva de imprensa e nota oficial, de que não há nenhum convênio firmado com a polícia militar e que esta não está autorizada a circular pelos campi”, diz o DCE, em nota.

Além do fim do patrulhamento da PM, os estudantes pedem ainda que não exista punição para os organizadores da festa onde Denis Papa Casagrande morreu e também que não haja nenhuma punição aos estudantes que participam da ocupação à reitoria. A direção da Unicamp respondeu que apenas os alunos que participaram diretamente da morte de Casagrande responderão pelo crime e que não irá punir os manifestantes, desde que o DCE arque com os eventuais prejuízos causados durante a ocupação.