Unicamp admite saber de festa clandestina; PM entrará no campus
A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) admitiu nesta sexta-feira (27) que sabia da realização da festa 'clandestina' em que o estudante Dênis Papa Casagrande foi esfaqueado no último final de semana.
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"Nós sabíamos da festa, mas não tínhamos a dimensão", disse a pró-reitora de Desenvolvimento Universitário, Teresa Atvars. Ela comentou ainda que apesar do conhecimento do evento, não foi solicitada autorização à universidade.
"A instituição tem regras claras que disciplinam a realização de festas nos seus três campi. Há uma deliberação que procura definir estratégias para a boa realização de qualquer evento, trata da abrangência do evento, localização no campus, número de pessoas, define os responsáveis pela organização, trata de providências que dizem respeito à segurança patrimonial e pessoal e trata da definição de infraestrutura para o conforto dos participantes do evento", afirmou.
A pró-reitora ressaltou que quando há solicitação e autorização nesses eventos, a instituição fornece infraestrutura. "A preocupação com a segurança é imensa. Temos cerca de 260 vigias, 252 câmeras de vigilância e central de atendimento de ocorrência", afirmou.
PM
Em entrevista coletiva, a instituição afirmou que vai aceitar a ajuda da PM (Polícia Militar) proposta pelo governador Geraldo Alckmin. A polícia poderá entrar e circular pelos três campi da universidade.
O coordenador do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e membro do Consu (Conselho Universitário), Ícaro Turci, disse nesta sexta acreditar que a força policial do estado no campus não vai resolver os problemas de segurança. "A polícia não é treinada para isso. A media é só uma intimidação".
Para ele, o ideal é que haja uma equipe de vigilantes concursados pela universidade, e não terceirizada, como é hoje. "Essa equipe ajudaria a construir a universidade, a cuidar dela e das pessoas que frequentam. Hoje, a segurança é unicamente patrimonial", concluiu.
O aluno de 21 anos foi morto por volta das 3h30 de sábado (21) em uma festa no teatro de arena da universidade, em Campinas. O estudante de engenharia de controle e automação da instituição chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu ao ferimento.
Segundo a universidade, por volta das 23 horas, assim que os vigilantes perceberam que havia mais de 2.000 pessoas na festa e que a situação estava fora de controle, os vigilantes acionaram a PM e a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas para pedir reforço. Até esta sexta, a PM afirmava que só havia sido acionada após as 3h, quando o estudante já havia sido esfaqueado.
Confissão
Na tarde do dia 24, Maria Tereza Peregrino, 20, confessou à polícia ser a autora da facada que matou o estudante. Maria Tereza alegou legítima defesa para cometer o crime, já que, na versão dela, Casagrande teria tentado agarrá-la.
O namorado de Maria Tereza, Anderson Mamede, 20, foi inicialmente apontado como suspeito e relatou a versão de que sua namorada teria cometido o crime. Anderson e Maria Tereza não eram alunos da universidade.
"Foi legítima defesa. O cara tentou agarrar ela à força e bateu nela", afirmou o atendente Anderson Mamede, 20, enquanto os dois se dirigiam a um carro. "Infelizmente ele [Casagrande] morreu e não está aqui para poder comprovar nada", disse ele na segunda-feira (23), após depoimento na delegacia de polícia.
Segundo um amigo que morava com o estudante de engenharia, um grupo de jovens o atacou. "Bateram até com um skate", disse o rapaz, que pediu para não ser identificado. A polícia vai procurar imagens das câmeras de segurança da universidade para a investigação.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo confirmou ainda que a jovem entregou a arma do crime, que está na Delegacia Seccional de Campinas e será enviada para análise. Agora, a polícia da cidade irá analisar as imagens do circuito de segurança da Unicamp para confirmar a declaração de Maria Tereza.
'A gente esquece até de comer'
Abalado pela morte do filho, Celso Casagrande disse à Folha que ainda é "muito difícil" aceitar a "barbaridade que fizeram". "Ainda estamos um pouco anestesiados. É muito difícil", afirmou. "A gente ainda não retomou a vida. Até de comer a gente se esquece porque fica pensando nessa barbaridade."
A Unicamp decretou ontem luto oficial de três dias e informou, em nota, que lamenta a morte do estudante e se solidariza com sua família. Segundo a instituição, não havia autorização para a realização da festa.
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