Alunos das descredenciadas do RJ temem perder bolsa e formatura
Alunos bolsistas da Universidade Gama Filho e da UniverCidade, controladas pelo Grupo Galileo, passam por momento turbulento de suas vidas por conta do descredenciamento das instituições pelo MEC (Ministério da Educação).
Estudantes ouvidos pelo UOL não sabem se poderão arcar com os custos das mensalidades das novas faculdades e temem perder o crédito de matérias já cursadas na transferência para outras instituições. Enquanto não há definição, eles estão com os planos suspensos.
Nesta quinta-feira (23), o MEC publica um edital para a chamada “transferência assistida” -- o ministério irá definir as regras para que outras instituições interessadas possam receber esses alunos.
Resultado de uma crise que se arrasta há, pelo menos, dois anos, o descredenciamento foi o fato que detonou esse repasse dos alunos de uma faculdade a outra. Pelo menos três instituições já se declararam interessadas em receber os cerca de 12 mil alunos que estavam matriculados na Gama Filho ou na UniverCidade.
Os alunos ouvidos pela reportagem afirmaram que vão tentar reaver o pagamento do último semestre letivo na Justiça -- as faculdades enfrentaram greve de professores no ano passado. A esperança de receber o dinheiro, segundo eles, é pouca, mas trata-se de uma questão de “dignidade”:
“Estou entrando com um processo na Justiça, mas mais por uma questão de dignidade, porque provavelmente não pagarão. E ainda tenho que gastar dinheiro com advogado. Eles estão impunes. Como o MEC permitiu isso?”, questiona Bárbara Muniz, que estaria no último período de marketing na UniverCidade.
Formatura em dúvida
Os estudantes, especialmente os que estão para se formar, não sabem como se planejar e como agir. É o caso de Bruno Amaral, que está no oitavo período de administração na UniverCidade e é diretor-geral do Diretório Central Estudantil da instituição. Ele conta que já entregou – e teve corrigido – o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e restam apenas duas disciplinas para se graduar.
Bruno também recebe, desde que ingressou na faculdade, uma bolsa de 50% do valor da mensalidade, cujo preço integral é de R$ 414, segundo ele. Além desse desconto, teve um abatimento de R$ 120 quando foi transferido da unidade do Méier para a de Madureira.
“O MEC não nos garantiu nada. Mesmo que faltem duas disciplinas e já tendo entregue o TCC, eles não garantiram que a gente conclua o nosso curso no mesmo tempo”, disse o estudante, que participou do grupo que foi a Brasília pressionar o ministério. “Hoje estou no oitavo período, mas, dependendo da equivalência de grade curricular, posso voltar para o quarto ou quinto e me atrasar ainda mais”, complementa.
De acordo com o aluno, grande parte dos estudantes da UniverCidade são bolsistas e serão prejudicados com a medida do ministério. Há também o drama de funcionários que cursam a faculdade e têm filhos matriculados na instituição. “Na ultima reunião com os alunos, umas funcionárias pediram que quando eu fosse a Brasília levasse essa questão das bolsas porque, caso percam as suas e as de seus filhos, [elas] não terão condições de pagar”, afirmou.
Bolsistas
Cursando o último período de marketing na UniverCidade, Bárbara Muniz narra que já fez todas as disciplinas necessárias e entregou o TCC. Aos 27 anos, ela, que trabalha há seis anos no setor comercial, esperava que o diploma permitisse atuar na área. "Todos os meus planos foram por água abaixo", afirma.
“Minha esperança era o diploma para poder trabalhar pelo menos como assistente [de marketing]. Agora, estou deixando de me candidatar e ser chamada porque os empregadores estão vendo a situação da minha universidade e não se interessam”, diz Bárbara.
A estudante teme que, ao ser realizada a transferência assistida, tenha que fazer mais períodos letivos, o que lhe custaria tempo e dinheiro não previstos, além da questão da bolsa de 50% que recebia na UniverCidade.
“Com essa transferência assistida, eles não garantem grade curricular, valor da mensalidade nem localidade da nova faculdade. Tratam a gente como lote, como se fôssemos um monte de gado. Somos estudantes”, criticou a aluna. Casada, ela conta que postergou o plano de ter filhos por causa da situação: “Até isso a faculdade me tirou, não sei nem quando poderei fazer isso”.
Com diploma, salário podia dobrar
Já o estudante de engenharia mecânica da Gama Filho Leonardo Gomes D’Andrea adiou a mudança para seu própria casa por tempo indeterminado. Casado e com uma filha de dois anos, ele ainda mora na casa dos pais.
Na atual grade curricular, faltam dois períodos para que ele pegue seu diploma. No momento, ele está contratado, como projetista, em uma empresa do setor. “Falta o diploma para me tornar engenheiro, a vaga está me aguardando. Com isso, meu salário mais do que dobraria”, afirma o jovem de 24 anos.
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