Topo

Escola pública do DF é premiada três vezes em Olimpíada de Matemática

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

16/03/2015 06h02Atualizada em 16/03/2015 10h36

Muito esforço, motivação e amor pelos estudos. Segundo alunos e profissionais do CEM (Centro de Ensino Médio) 9 de Ceilândia (DF), este é o verdadeiro segredo para manter o título de colégio premiado três vezes na OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas).

O primeiro título veio em 2007, fruto da inclusão do projeto "Matemática todo dia" que ocorre no turno contrário às aulas, todas as quintas-feiras entre 19h e 22h. Desde a criação, a iniciativa já atendeu mais de 350 alunos.

Segundo a professora Paula Nishikawa, a vitória não causou espanto.

"Trabalhamos arduamente durante três anos com os alunos, sabíamos que essa luta iria nos trazer recompensas. No entanto, quando soubemos do resultado foi uma emoção que tomou conta de toda a escola", explica a professora de matemática.

Jogos de raciocínio lógico, filmes e aulas interativas fazem parte da rotina dos alunos no projeto. O diretor do CEM 9 José Gadelha conta que os estudantes participam por vontade própria e não faltam a nenhuma aula.

"Os estudantes mais velhos trazem os mais novos, participam ativamente como voluntários. Nossos ex-alunos que já estão na UnB (Universidade de Brasília) também fazem questão de frequentar o projeto", diz.

Luísa Karoline, Douglas Alves, Cleverson Messias, Luana Soares, Everton Fernandes e Ádson Williard , todos entre 16 e 17 anos receberam menção honrosa da OBMEP.  Já Edgar Sampaio, conseguiu a medalha de prata. Para ele, foco e disciplina fazem a diferença na hora de fazer a prova.

"Estudo diariamente 3h e também refaço os testes. Quero ser professor de matemática ou engenheiro aeroespacial".

Quebrando barreiras

A idealizadora do projeto Alessandra Lisboa, 40 anos, se emociona ao falar da iniciativa. Ela conta que o "Matemática Todo Dia" nasceu de uma inquietação pessoal de como mudar a relação da matéria no colégio e como auxiliar os jovens a irem mais longe.

"Pensar que uma escola inserida num contexto de vulnerabilidade social, que tinha tudo para dar errado e que está dando certo, sendo transformada, e provando transformações na vida dos estudantes é algo maravilhoso".

A estudante Luísa Karoline, 16, ressalta a importância do projeto na vida acadêmica. Ela agora, poderá sonhar de verdade com um futuro promissor. "Por morarmos em uma região pobre de Brasília, somos criados a nos formar e procurar um emprego simples. Agora, faculdade, mestrado e doutorado estão presentes cada dia mais em nossos planos".

Os alunos também reclamam da falta de incentivo em outras escolas. Segundo eles, muitos professores passam apenas o básico e não se preocupam em mostrar a matemática aplicada no dia-a-dia. "Temos que olhar por trás dos números e saber o que significa a história e o contexto de uma equação, por exemplo.

Consigo resolver diversos problemas na minha vida utilizando a matéria", diz Douglas.