País tem 11,5 milhões de analfabetos; no Nordeste, 38% dos idosos não leem
A taxa de analfabetismo no Brasil caiu em 2017 em comparação com o ano anterior, mas não saber ler ou escrever ainda atinge 11,5 milhões de pessoas com 15 anos ou mais. Já as diferenças regionais e raciais seguem em patamares praticamente idênticos: os índices são bem maiores no Nordeste e entre negros e pardos. Os dados constam da PNAD (Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (18) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo a pesquisa, 7% dos brasileiros com 15 anos ou mais não sabiam ler ou escrever no ano passado, 0,2 ponto percentual a menos que os 7,2% medidos em 2016. De acordo com o IBGE, isso representa uma redução de aproximadamente 300 mil pessoas.
Os dados mostram que o Brasil não deve cumprir a meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação de erradicar o analfabetismo no país até 2024. Para 2015, o plano estabelecia uma redução do índice para 6,5%, o que ainda não aconteceu.
Apesar de uma curva descendente ao longo dos anos, o país persiste com diferenças marcantes entre estratos regionais, raciais e etários.

Entre os negros e pardos, por exemplo, a taxa de analfabetismo sobe para 9,3% --mais que o dobro que entre as pessoas de 15 anos ou mais de cor branca, que tem 4% de analfabetos.
Na Região Nordeste, 38,6% da população de 60 anos ou mais não sabe escrever um bilhete simples
A pesquisa também mostra relação direta do analfabetismo com a idade, que persiste entre idosos. Em 2017, entre as pessoas com 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo foi 19,3% --1,1 ponto percentual a menos do registrado em 2016.
Entre os sexos, a redução da taxa de analfabetismo foi observada igualmente para homens e mulheres e com sutis diferenças. Em 2017, entre a taxa entre homens (7,1%) seguiu um pouco maior do que entre as mulheres (6,8%). Em comparação a 2016, em ambos os sexos houve queda de 0,3 ponto percentual.
Nordeste segue líder
Campeã em analfabetismo, a região Nordeste teve taxa de analfabetismo de 14,5% para pessoas com 15 anos ou mais de idade, bem acima do segundo colocado, o Norte, com 8%. A redução nos índices nordestinos foi de 0,3 ponto percentual em comparação a 2016, proporcionalmente menor que no restante do país.
"Na Região Nordeste, 38,6% da população de 60 anos ou mais não sabia ler ou escrever um bilhete simples, sendo quase quatro vezes maior que a taxa do Sudeste para o mesmo grupo etário, 10,6% em 2017", aponta a pesquisa.

No Nordeste não é difícil achar um caso de analfabetismo. O servente de pedreiro José Florentino Pereira, 49, é um dos não sabem ler nem escrever. Agricultor até os 18 anos, ele diz que o trabalho o impediu de frequentar aulas onde morou, na zona rural do município de Viçosa, na zona da mata de Alagoas.
"Quando começaram a construir a escola ficamos felizes, vendo o movimento das máquinas. Mas depois dela pronta veio a decepção: ou a gente trabalhava para comer ou estudava", lembra.
Pereira diz que ainda tem vontade de estudar, mas o trabalho continua sendo um empecilho. "Vontade tenho, mas falta tempo", diz.
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legado "social" do PT = marketing + mídia + bolsa família
Para os mais antigos, tem a história da primeira ministra da Indira Gandhi, que promoveu a vasectomia em massa na Índia, oferecendo brindes ou por meio de verdadeiras caçadas. Penso que o Bolsonaro não precisa tanto, mas pode enviar um projeto de lei, reafirmando a obrigatoriedade do título de eleitor, como documento, requerido no máximo aos 18 anos de idade, com comprovação de escolaridade (nono ano), mediante exames realizados pelo governo. Como as provas para carta de habilitação, o candidato será submetido a exames (provas escritas) para aquisição do título de eleitor. O governo paga tanta gente para não fazer nada, podia instalar uma comissão para elaboração e aplicação desses exames. As sanções poderão ser várias, como obrigação do serviço militar (ou civil) para homens e mulheres, com frequência escolar comprovada (facultando ao governo um batidão de vez em quando, para ampla verificação).