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País tem 11,5 milhões de analfabetos; no Nordeste, 38% dos idosos não leem

"Ou a gente trabalhava para comer ou estudava", diz o servente de pedreiro José Florentino Pereira - Aliny Gama/UOL
"Ou a gente trabalhava para comer ou estudava", diz o servente de pedreiro José Florentino Pereira Imagem: Aliny Gama/UOL

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

18/05/2018 10h00Atualizada em 18/05/2018 13h15

A taxa de analfabetismo no Brasil caiu em 2017 em comparação com o ano anterior, mas não saber ler ou escrever ainda atinge 11,5 milhões de pessoas com 15 anos ou mais. Já as diferenças regionais e raciais seguem em patamares praticamente idênticos: os índices são bem maiores no Nordeste e entre negros e pardos. Os dados constam da PNAD (Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (18) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo a pesquisa, 7% dos brasileiros com 15 anos ou mais não sabiam ler ou escrever no ano passado, 0,2 ponto percentual a menos que os 7,2% medidos em 2016. De acordo com o IBGE, isso representa uma redução de aproximadamente 300 mil pessoas. 

Os dados mostram que o Brasil não deve cumprir a meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação de erradicar o analfabetismo no país até 2024. Para 2015, o plano estabelecia uma redução do índice para 6,5%, o que ainda não aconteceu.

Apesar de uma curva descendente ao longo dos anos, o país persiste com diferenças marcantes entre estratos regionais, raciais e etários. 

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Entre os negros e pardos, por exemplo, a taxa de analfabetismo sobe para 9,3% --mais que o dobro que entre as pessoas de 15 anos ou mais de cor branca, que tem 4% de analfabetos.

Na Região Nordeste, 38,6% da população de 60 anos ou mais não sabe escrever um bilhete simples

A pesquisa também mostra relação direta do analfabetismo com a idade, que persiste entre idosos. Em 2017, entre as pessoas com 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo foi 19,3% --1,1 ponto percentual a menos do registrado em 2016.

Entre os sexos, a redução da taxa de analfabetismo foi observada igualmente para homens e mulheres e com sutis diferenças. Em 2017, entre a taxa entre homens (7,1%) seguiu um pouco maior do que entre as mulheres (6,8%). Em comparação a 2016, em ambos os sexos houve queda de 0,3 ponto percentual.

Nordeste segue líder

Campeã em analfabetismo, a região Nordeste teve taxa de analfabetismo de 14,5% para pessoas com 15 anos ou mais de idade, bem acima do segundo colocado, o Norte, com 8%. A redução nos índices nordestinos foi de 0,3 ponto percentual em comparação a 2016, proporcionalmente menor que no restante do país. 

"Na Região Nordeste, 38,6% da população de 60 anos ou mais não sabia ler ou escrever um bilhete simples, sendo quase quatro vezes maior que a taxa do Sudeste para o mesmo grupo etário, 10,6% em 2017", aponta a pesquisa.

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No Nordeste não é difícil achar um caso de analfabetismo. O servente de pedreiro José Florentino Pereira, 49, é um dos não sabem ler nem escrever. Agricultor até os 18 anos, ele diz que o trabalho o impediu de frequentar aulas onde morou, na zona rural do município de Viçosa, na zona da mata de Alagoas. 

"Quando começaram a construir a escola ficamos felizes, vendo o movimento das máquinas. Mas depois dela pronta veio a decepção: ou a gente trabalhava para comer ou estudava", lembra. 

Pereira diz que ainda tem vontade de estudar, mas o trabalho continua sendo um empecilho. "Vontade tenho, mas falta tempo", diz.