Novo ministro do MEC quer Olavo "adaptado" para vencer marxismo cultural
O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendeu adaptar a teoria do escritor Olavo de Carvalho para vencer o que classificou como "marxismo cultural". A defesa foi feita durante a Cúpula Conservadora das Américas, em dezembro de 2018.
"A gente tem técnica para vencer eles. A gente adaptou a teoria de Olavo de Carvalho para enfrentar eles no debate intelectual", disse Weintraub, referindo-se à comunidade acadêmica. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, Olavo chancelou a escolha de Weintraub para o ministério após a demissão de Ricardo Vélez Rodriguez do cargo feita pelo presidente Jair Bolsonaro.
Na palestra, Abraham disse que ele e seu irmão, o advogado Arthur Weintraub, desenvolveram uma técnica para vencer o marxismo cultural nas universidades. O ministro relatou ter sido perseguido pela comunidade acadêmica há aproximadamente dois anos quando começaram a apoiar Bolsonaro, então pré-candidato à Presidência.
"Um pouco da contribuição que a gente pode dar também é como vencer o marxismo cultural nas universidades. Para quem não conhece, o nosso caso está relativamente bem documentado. Eu e ele (Arthur), há uns anos, começamos a ajudar o Jair (Bolsonaro) [...] quando a gente saiu do armário [...] a gente começou a ser caçado", disse Abraham Weintraub.
Ao longo da palestra, ele detalhou sua tática para enfrentar o marxismo cultural. "A gente tem técnica para vencer eles (comunistas). A gente adaptou a teoria do Olavo de Carvalho e como enfrentar eles no debate intelectual. Não precisa mandar pastar. Quando eles falam: 'A ciência é burguesa', então você fala: 'Vai embora daqui porque aqui é o templo da ciência. Seu religioso'", comentou.
Abraham Weintraub afirmou que uma das linhas de ação dos acadêmicos conservadores deveria ser conquistar o público mais jovem. "A gente tem que ser mais engraçado que os comunistas. A gente tem que ganhar a juventude. Como é que você ganha a juventude? Com humor e inteligência", afirmou.
Após o anúncio de Bolsonaro, Olavo de Carvalho desejou sorte ao novo ministro da Educação.
Aliados de primeira hora
Os irmãos Abraham e Arthur Weintraub são aliados de primeira hora de Bolsonaro. Os dois começaram a assessorar o então deputado federal ainda em 2017, quando a candidatura à Presidência sequer havia sido lançada.
Eles participaram da equipe de transição de Bolsonaro. Até sua nomeação como ministro, Abraham era o secretário-executivo da Casa Civil, o segundo posto mais alto na pasta, abaixo apenas do ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS), de quem é bastante próximo.
Nos bastidores, a nomeação de Weintraub é vista como uma vitória do ministro. Os elogios ao filósofo Olavo de Carvalho indicam, no entanto, que o alinhamento ideológico do ministério sob Weintraub pode não ser tão diferente daquele que foi dado por Vélez. O agora ex-ministro também era um defensor do combate ao chamado "marxismo cultural" e foi indicado por Olavo para assumir o ministério.
Mas o que é o "marxismo cultural"?
Na avaliação dos conservadores, o termo "marxismo cultural" refere-se a uma linha de pensamento presente nas escolas e nas universidades fortemente influenciada pela teoria produzida por Karl Marx e associada ao campo político da esquerda. Na opinião do ex-ministro da Educação, por exemplo, o marxismo cultural "secciona o ser humano, o torna massa, o torna coisa". "Antes de mais nada, somos pessoas individualizadas. O marxismo cultural passa a borracha em cima disso e nos considera massa", disse Vélez em janeiro deste ano.
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