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Protestos pelo Brasil contra cortes na educação criticam programa Future-se

Aliny Gama, Carlos Madeiro, Bernardo Barbosa e Leonardo Martins

Colaboração para o UOL, em Maceió e em São Paulo

13/08/2019 13h24Atualizada em 13/08/2019 19h39

Estudantes, professores e entidades sindicais levam às ruas, em várias cidades do país, críticas aos cortes na educação e ao programa federal Future-se, que quer financiar parte do ensino nas universidades públicas e regulamentar a gestão das instituições com participações de OSs (Organizações Sociais).

O ato, que acontece desde a manhã de hoje, foi convocado pela UNE (União Nacional dos Estudantes). Já houve registro de manifestações ao menos nas capitais São Paulo, Rio de Janeiro, João Pessoa, Salvador, Maceió, Belo Horizonte, Fortaleza, Teresina, Aracaju, Recife, Belém e Palmas.

Em São Paulo, centenas de manifestantes se reúnem no Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista. Na pauta, os cortes no orçamento federal para a educação, a oposição ao projeto Future-se e o combate à reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro.

Além de bandeiras da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), militantes exibem também símbolos de centrais sindicais como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), assim como de partidos como PDT, PSOL e PCO.

Em Salvador, manifestantes usaram máscaras com o rosto de Bolsonaro e seguraram tesoura e lápis gigantes em forma de armas para criticar as mudanças na educação. O grupo saiu da praça do Campo Grande usando faixas, cartazes e bandeiras. "Nossa arma é a educação, Bolsonaro! Tira a tesoura da mão e investe na educação", gritaram manifestantes.

Em Maceió, apesar da chuva, centenas de pessoas saíram a pé do Cepa (Centro Educacional de Pesquisa Aplicada), localizado no bairro do Farol, e ocuparam a avenida Fernandes Lima, principal via pública da cidade, em direção ao centro da capital alagoana. A caminhada causou congestionamentos, mas sem registro de tumultos.

Em Fortaleza, manifestantes se concentraram na praça da Gentilândia, no bairro Benfica, com cartazes satirizando os cortes da educação e o sistema de cotas, que é criticado pelo atual governo federal.

"Só não passei porque um negro roubou minha vaga", dizia outro cartaz usando a imagem da boneca Barbie.

No Recife, um grande ato ocorreu na rua da Aurora, na região antiga da capital pernambucana. Com carro de som e cartazes, manifestantes seguiram até a praça da Independência. A reforma da Previdência e os cortes das verbas na educação foram os principais pontos alertados pelos líderes em discursos. Escolas e universidades da capital pernambucana suspenderam aulas.

Em Aracaju, uma passeata reuniu centenas de pessoas saindo da praça General Valadão pelas ruas do centro.

Pela manhã, estudantes e servidores da Universidade Federal de Sergipe fecharam o acesso à instituição. Também pela manhã, bonecos com fotos do presidente Jair Bolsonaro e dos cinco deputados federais que votaram a favor da reforma da Previdência foram queimados em frente ao Palácio do Governo do estado.

Em Natal, manifestantes se reuniram às 14h30 na frente do Midway Shopping, de onde fizeram uma marcha unificada reunindo várias categorias e estudantes. Manifestantes do serviço público estadual também cobram a divulgação de um calendário de pagamento para os do funcionalismo e pagamento de salários atrasados.

Já em João Pessoa, o ato também aconteceu à tarde, em frente à tradicional escola Lyceu Paraibano. O principal alvo do protesto foi o Future-se. Universidades e escolas públicas suspenderam as aulas hoje para que alunos e professores pudessem participar dos atos.

Três atos simultâneos contra as mudanças na educação e reforma da Previdência ocorreram em Teresina. Manifestantes se reuniram em frente ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), em frente ao colégio Liceu Piauiense e à praça da Bandeira, usando faixas, cartazes e bandeiras. Os atos se uniram por volta das 11h30, na praça da Liberdade, onde foram encerrados.

De acordo com a Adufpi (Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí), uma as entidades que participaram da manifestação, está em situação crítica depois dos cortes de verbas federais feitos pelo governo Bolsonaro. Os professores afirmam que os recursos para pesquisas e funcionamento da universidade só cobrem os custos até o mês de setembro. Para a associação, o Future-se é uma "forma de privatização do ensino público" e os estudantes carentes é quem vão ser prejudicados.

Em Minas, o protesto aconteceu em Belo Horizonte, na praça da Assembleia. Em Uberlândia (MG), estudantes da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) realizaram manifestação em frente à universidade contra o contingenciamento de verbas na educação. Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais, a corporação monitora os protestos e, por enquanto, não houve intercorrências.

Em Teresina (PI) mais de mil pessoas saíram em passeata do prédio do INSS pelo centro comercial até praça da Liberdade.

Em Belém, também houve críticas ao Future-se durante protesto realizado na praça da República, região central. Um dos cartazes indagava qual era o alvo do programa: "Future-se para quem?".

Outras cidades

Na cidade de Conde (PB), na região metropolitana, grupo de mulheres realizam a Marcha Estadual das Margaridas da Paraíba, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), com caminhada com destino à capital, para se unir ao protesto dos estudantes marcado para ocorrer a partir das 14h, em frente ao colégio Lyceu Paraibano. Elas estão percorrendo 22 km a pé.

Em Porto Seguro (BA), índios das etnias Pataxó e Tupinambá se uniram aos estudantes no protesto contra dos cortes da educação. Durante o ato, os índios usaram chocalhos e dançaram cantando músicas típicas da etnia.

Em Caruaru (PE), manifestantes gritaram "Lula Livre" durante protesto realizado no centro da cidade. Eles usaram cartazes e faixas com frases criticando o Future-se e a reforma da Previdência. Em Gravatá (PE), também no agreste pernambucano, ocorreu ato pela educação e contra a reforma da Previdência.

Em Pacatuba (CE), estudantes da Escola Indígena Ita-Ara gravaram um vídeo falando que o tema da aula de hoje é a "luta pela educação."

Na região Centro-Oeste, há registro de manifestação em Cuiabá. Os jovens se reuniram com instrumentos musicais e cartazes críticos ao governo.

Na região Sul, até o momento, há registros de manifestações nos três estados.

Algumas manifestações fecharam ruas e calçadas próximas às universidades em que acontecem os atos. Neles, há cartazes críticos ao corte na educação e ao projeto Future-se e bandeiras da UNE e da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), além de críticas à reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro e aprovada recentemente pela Câmara.

Em Porto Alegre, manifestantes se concentram desde as 18h na Esquina Democrática, região central da cidade. Entre bandeiras da UNE e da Urbe, há muitos cartazes críticos à reforma da Previdência.

Em Viamão, estudantes se mobilizaram em frente ao Instituto Estadual de Educação Isabel de Espanha, na região de Passo do Sabão, e uma imagem mostra organizadores em cima de cadeiras de sala de aula enquanto falam aos manifestantes.



Na Universidade Federal de Santa Maria, uma imagem mostra os manifestantes pararam o trânsito em frente ao campus da universidade com uma faixa com escritos "Levante-se contra o Future-se" e "Não aos cortes". Da mesma forma, em Capão de Canoas, estudantes grudaram cartazes em um muro e se mobilizaram em frente a uma escola da região.

Em Curitiba, estudantes se concentraram desde às 18h em frente à UFP (Universidade Federal do Paraná) para protestar contra as ações do MEC.

Capital de Santa Catarina, Florianópolis também foi palco de protestos hoje por parte dos estudantes. A concentração para o protesto começou às 16h em frente ao largo da catedral.

Até agora, a Polícia Militar não divulgou estimativa de nenhum dos públicos dos protestos nas capitais citadas.