Revista: Weintraub passou em concurso da Unifesp com nota mínima e críticas
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, se tornou professor de ciências contábeis da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) após ser aprovado em concurso realizado em abril de 2014. No entanto, a avaliação que aprovou Weintraub na época foi cheia de críticas incomuns, segundo publicou hoje o site da revista Época.
Selecionado para lecionar no campus de Osasco, onde o irmão e a mulher já davam aulas, Abraham Weintraub passou por um exame em três etapas: análise da experiência do candidato, prova didática e prova escrita. Único candidato à vaga, o hoje ministro foi aprovado com média 7,0, escapando por pouco de uma reprovação.
O docente passou por cinco examinadores. Três deram nota 7,0, um deu nota 6,0 e um deu nota 8,0. Entre todos os 32 concursos realizados no período, ele foi o único aprovado com nota mínima.
A avaliação pedida ainda para que o candidato elaborasse um exemplo de aula que ministraria em caso de aprovação. A de Weintraub recebeu avaliações bastante negativas, segundo o registro.
"A exposição do candidato não tem sustentação e é muito vaga. A exposição não é linear e o candidato usa conceitos sem explicá-los. Mostra conhecimento e abrangência, mas não apresenta um texto coeso e claro", descreveu um professor. "Tema sem sustentação científica idônea", analisou outro.
De acordo com a revista, os cinco examinadores concordaram que Weintraub não cumpria alguns requisitos para ser aprovado — por exemplo, a falta de produção científica, a falta de objetividade e clareza em sua apresentação e a falta de relação entre o assunto escolhido e a aula apresentada.
Alguns dos integrantes da banca aceitaram falar à revista em condição de anonimato. Segundo eles, embora a apresentação não fosse satisfatória, o fato de ser uma vaga pouco concorrida que oferecia salário considerado baixo pesou na aprovação.
"Como era apenas para aulas da graduação, nós acreditamos que ele apresentou o suficiente", disse uma fonte anônima. "É uma idiossincrasia estrutural dele. Ele enuncia um tema e faz digressões recorrentes, cheias de outros conteúdos. Nada linear", acrescentou.
O MEC não se pronunciou sobre o caso. A revista tentou acesso à prova escrita do ministro e ao áudio de sua prova didática via Lei de Acesso à Informação, mas a Unifesp se negou a entregar os documentos. A Controladoria-Geral da União também negou os pedidos.
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