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MEC diz que Decotelli concluiu créditos de doutorado e mostra certificado

Certificado emitido pela Universidade de Rosário, na Argentina, apresentado pelo MEC - Reprodução
Certificado emitido pela Universidade de Rosário, na Argentina, apresentado pelo MEC Imagem: Reprodução

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

26/06/2020 17h04Atualizada em 26/06/2020 19h45

A assessoria de imprensa do MEC (Ministério da Educação) informou hoje que o novo comandante da pasta, Carlos Alberto Decotelli, concluiu os créditos das disciplinas necessárias para a obtenção do título de doutor em Administração pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. Ainda não está claro, no entanto, se após a conclusão dos créditos Decotelli defendeu a tese de doutorado, necessária para a obtenção do título de doutor. Procurado pelo UOL, o MEC não respondeu a este questionamento.

Mais cedo, o reitor da instituição, Franco Bartolacci, afirmou em uma conta nas redes sociais não reconhecer o título de doutor do novo ministro. À Folha de S.Paulo o reitor declarou que Decotelli "cursou o doutorado, mas não finalizou, portanto não completou os requisitos exigidos para obter a titulação de doutor na Universidade Nacional de Rosario".

À CNN Bartolacci afirmou que Decotelli fez o curso de doutorado na instituição entre os anos de 2008 e 2009, mas, segundo ele, a tese foi reprovada. O UOL tenta contato com a Universidade Nacional de Rosário.

Em nota, a assessoria do MEC informou que o novo ministro concluiu, em fevereiro de 2009, todos os créditos do doutorado em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas e Estatística da Universidade Nacional de Rosário. A pasta enviou um certificado emitido pela instituição argentina.

"Certificamos que CARLOS ALBERTO DECOTELLI DA SILVA cursou a totalidade das disciplinas da carreira de pós-graduação "DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO" ministradas na Faculdade de Ciências Econômicas e Estatística da Universidade Nacional de Rosário", diz o documento, datado de 7 de fevereiro de 2009.

No início da noite de hoje, a GloboNews informou que questionou o novo ministro e que ele disse ter concluído o curso e ter cumprido todos os requisitos necessários, mas que não fez a defesa de tese porque não tinha mais interesse em ficar na Argentina.

Em seu currículo lattes, que foi atualizado hoje, Decotelli afirma que fez doutorado de Administração na universidade argentina entre 2007 e 2009. De acordo com ele, o título da tese defendida foi "Gestão de Riscos na Modelagem dos Preços da Soja" e seu orientador foi Antônio de Araújo Freitas Júnior, pró-reitor da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Freitas Júnior, por sua vez, não informa ter realizado nenhuma orientação na Universidade Nacional de Rosário em seu currículo lattes, cuja atualização mais recente data de 15 de maio de 2020. O nome de Decotelli também não consta na relação de bancas de trabalhos de conclusão de doutorado que tiveram a participação do pró-reitor da FGV.

Antônio Freitas é o atual presidente da Câmara de Ensino Superior do CNE (Conselho Nacional de Educação), órgão colegiado ligado ao MEC. Seu nome foi um dos ventilados para ocupar o cargo de ministro da Educação após a saída de Abraham Weintraub.

Em seu lattes, Decotelli se apresenta como "ex-presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, autarquia federal responsável pela execução de políticas educacionais do Ministério da Educação - MEC".

"Realizou seu Pós-Doutorado na Bergische Universität Wuppertal, na Alemanha, Doutorado em Administração pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina), Mestre em Administração pela FGV EBAPE, MBA em Administração pela FGV/EBAPE/EPGE. Graduado em Ciências Econômicas pela UERJ. Intendente honorário da Marinha do Brasil", acrescenta.