Milton Ribeiro poupa gestão Weintraub de críticas e fala em 'pacificar' MEC
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que uma de suas metas à frente da pasta é "pacificar" os ânimos, após um período conturbado com Abraham Weintraub no comando. Apesar disso, ele não fez críticas ao seu antecessor e afirmou que aproveita "valores" da gestão anterior.
Ribeiro disse que não chega ao ministério para "consertar tudo" e que teve como pedido específico do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cuidar da educação das crianças.
"Eu não vim para consertar tudo, não acho que está tudo errado, tanto que aproveito valores da gestão anterior. E a grande questão é tentar pacificar um pouquinho a pasta", afirmou Ribeiro, à CNN.
"Não quero um MEC [Ministério da Educação] que o foco seja nem de radicais de direita, nem de esquerda. O meu foco tem que ser um só, a educação, a melhoria da educação e a gente correr atrás do que ficou para trás. Não estou para polemizar. Estou aqui para dar condição para nossa sociedade ter um mínimo de educação, e não polêmicas. Esse vai ser meu foco, até a pedido do senhor presidente da República".
Cortes nas universidades federais e 'apoio' de Guedes
Milton Ribeiro disse que seu foco é na educação das crianças, o que chamou de investimento nos "alicerces", argumentando que as universidades federais ainda recebem alunos pouco aptos - e que estas instituições devem sofrer nos próximos meses e anos, por falta de recursos.
Segundo o ministro, Paulo Guedes tem sido compreensivo com o MEC, e o corte nos investimentos é compreensível por conta da diminuição na arrecadação de impostos devido à pandemia.
"O ministro Paulo Guedes tem sido grande companheiro do MEC, porque sei que em outras pastas houve cortes maiores ainda. Não é porque ele ou o presidente querem fazer cortes na Educação, é simplesmente uma razão lógica. Nós não temos dinheiro, o dinheiro é proveniente de impostos. Com a parada que teve na pandemia, os impostos deixaram de entrar", disse ele.
"Claro que vou falar que a Educação é prioridade. E, numa conversa preliminar, nosso ministro Paulo foi muito compreensivo, me deu opções e eu sigo a orientação do presidente, que está preocupado, sobretudo, com a formação das crianças e das escolas profissionalizantes", afirmou o ministro.
"Com todo respeito que tenho às gestões passadas, não vou ficar olhando no retrovisor para fazer críticas, não é nosso papel. Mas o número de universidades federais que nas últimas gestões foram implantados de maneira 'festiva'... Havia muito dinheiro, é claro, a economia estava caminhando bem, e eu não quero censurar nada. Mas num planejamento estratégico, se você vai construir alguma coisa duradoura, você não começa pelo telhado, você começa pelo alicerce. E temos uma série de universidades federais que estão passando e vão passar mais dificuldades porque o dinheiro é curto e não temos como atender", adicionou Ribeiro.
O ministro do MEC disse que isso não significa "virar as costas" para as instituições de ensino superior.
"Não quero que pareça que vou virar as costas para ensino superior, jamais. Não cabe a nenhum governo ter uma meta como essa", comentou ele.
Cura da covid
Milton Ribeiro ainda comentou o susto que passou logo ao tomar posse, quando teve a covid-19.
"Num primeiro momento, vou ser muito sincero, eu me preocupei muito com minha família. Viemos aqui, uma comitiva pequena, nem o presidente pôde estar presente, mas devo ter me contaminado no avião, ou vindo para cá. E isso passou para todos, todos pegaram, esposa, filhas, genros, amigos... Mas nós vencemos", comemorou.
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