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Com 12 alunos, escola estadual reabre na zona leste de São Paulo

Alunos voltam à Escola Estadual Thomaz Rodrigues Alckmin, zona leste de São Paulo - Werther Santana/Estadão Conteúdo
Alunos voltam à Escola Estadual Thomaz Rodrigues Alckmin, zona leste de São Paulo Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

07/10/2020 09h05

Após mais de seis meses fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus, as primeiras escolas públicas da cidade de São Paulo começaram a retomar hoje as atividades presenciais.

Pela manhã, 12 alunos compareceram à Escola Estadual Thomaz Rodrigues Alckmin, no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo. A unidade é uma das 304 estaduais autorizadas a reabrir a partir de hoje no capital paulista. As particulares também retornam hoje.

Aberta desde as 7h30, a unidade de Ensino Fundamental 1 se preparou para receber 16 alunos no período da manhã, mas, até as 8h20, apenas parte havia aparecido. Em um dia normal antes da pandemia, a unida recebia 220 estudantes no horário.

Primeira a chegar, Emily Dutra, 10, se disse ansiosa para voltar à escola. Aluna do 5º ano, ela estudou apenas por meio do WhatsApp durante a quarentena. As lições eram encaminhadas pelo aplicativo, os alunos respondiam e enviavam foto dos exercícios realizados.

"Estava com saudade dos amigos e de estudar, ler, fazer conta", disse a aluna, que trouxe na mochila um frasco de álcool em gel.

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A aluna Emily Dutra levou seu álcool próprio álcool em gel
Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

Pai da estudante, Manoel Galdino, 42, disse que tem medo de que a filha acabe doente, mas disse que preparou a garota para a volta às aulas.

"Ensinamos a usar álcool em gel, lavar sempre as mãos, a manter distância dos colegas e a não tirar a máscara", disse. "Se for para cumprimentar, pedi para usar o cotovelo."

Também estudante do 5º ano, Diego Nascimento de Carvalho, 10, não estava tão empolgado.

"Mais ou menos", respondeu, quando questionado se estava ansioso para voltar à escola. "Tinha saudade de conversar com os amigos. Ficar em casa é bom, mas também cansa."

Preparação da escola

Para garantir os protocolos exigidos pelo governo do Estado, a escola mede a temperatura do aluno, oferece álcool em gel e há um "tapete higienizante" na entrada para desinfetar a sola dos calçados.

"O aluno pisa no tapete com cloro, seca em outro, depois limpa as mãos com álcool e pode entrar. Se não tiver máscara, a gente oferece", afirmou a diretora Vânia Monteiro Ribeiro, 50.

"Estamos confiantes. As carteiras nas salas estão distantes umas das outras, oferecemos copos plásticos e a merenda será bolinhos e suco integral", diz ela sobre a necessidade de não preparar alimentos que exijam manipulação.

A Professora Eliane Conconi, 50, disse que o foco da volta é o "acolhimento".

"Porque eles precisam de cuidado emocional, é o que reparamos durante a quarentena", disse. "O primeiro passo é cuidar dos protocolos, como distanciamento e uso de máscaras."

Apesar da permissão do governo para a retomada, as escolas só podem oferecer atividades extracurriculares. Entre as regras a serem seguidas, a mais importante é que elas só poderão receber 20% dos alunos matriculados a cada dia, independentemente da etapa de ensino.

educação física - Wanderley Preite Sobrinho/UOL - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Com distanciamento, alunos têm aula de educação física na Escola Estadual Thomaz Rodrigues Alckmin
Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

O secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, esteve presente no retorno das atividades presenciais.

Segundo ele, aproximadamente 200 mil alunos no estado devem voltar às aulas a partir de hoje, sendo 50 mil na capital. Ele informou que 219 cidades autorizaram as atividades em 900 escolas estaduais. Ao todo, a Secretaria Estadual de Educação mantém 5.100 unidades de ensino.

"Se a escola não tiver o mínimo de condições, não autorizamos [abrir]. Não teremos pressa porque queremos aprender com esse retorno", disse ele.

O secretário disse também que o aluno pode ser reprovado "se, durante a quarentena, não entregar nenhuma atividade".

Rossieli disse ainda que o ensino à distância será mantido no ano que vem como atividade complementar. "Teremos no ano que vem. O ensino híbrido veio para ficar e deve ser mantido como complemento", afirmou.

Por enquanto, as unidades estaduais só podem desenvolver ações extracurriculares, como cursos de idiomas, atividades esportivas, musicalização, reforço escolar e acolhimento.