Com 12 alunos, escola estadual reabre na zona leste de São Paulo
Após mais de seis meses fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus, as primeiras escolas públicas da cidade de São Paulo começaram a retomar hoje as atividades presenciais.
Pela manhã, 12 alunos compareceram à Escola Estadual Thomaz Rodrigues Alckmin, no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo. A unidade é uma das 304 estaduais autorizadas a reabrir a partir de hoje no capital paulista. As particulares também retornam hoje.
Aberta desde as 7h30, a unidade de Ensino Fundamental 1 se preparou para receber 16 alunos no período da manhã, mas, até as 8h20, apenas parte havia aparecido. Em um dia normal antes da pandemia, a unida recebia 220 estudantes no horário.
Primeira a chegar, Emily Dutra, 10, se disse ansiosa para voltar à escola. Aluna do 5º ano, ela estudou apenas por meio do WhatsApp durante a quarentena. As lições eram encaminhadas pelo aplicativo, os alunos respondiam e enviavam foto dos exercícios realizados.
"Estava com saudade dos amigos e de estudar, ler, fazer conta", disse a aluna, que trouxe na mochila um frasco de álcool em gel.
Pai da estudante, Manoel Galdino, 42, disse que tem medo de que a filha acabe doente, mas disse que preparou a garota para a volta às aulas.
"Ensinamos a usar álcool em gel, lavar sempre as mãos, a manter distância dos colegas e a não tirar a máscara", disse. "Se for para cumprimentar, pedi para usar o cotovelo."
Também estudante do 5º ano, Diego Nascimento de Carvalho, 10, não estava tão empolgado.
"Mais ou menos", respondeu, quando questionado se estava ansioso para voltar à escola. "Tinha saudade de conversar com os amigos. Ficar em casa é bom, mas também cansa."
Preparação da escola
Para garantir os protocolos exigidos pelo governo do Estado, a escola mede a temperatura do aluno, oferece álcool em gel e há um "tapete higienizante" na entrada para desinfetar a sola dos calçados.
"O aluno pisa no tapete com cloro, seca em outro, depois limpa as mãos com álcool e pode entrar. Se não tiver máscara, a gente oferece", afirmou a diretora Vânia Monteiro Ribeiro, 50.
"Estamos confiantes. As carteiras nas salas estão distantes umas das outras, oferecemos copos plásticos e a merenda será bolinhos e suco integral", diz ela sobre a necessidade de não preparar alimentos que exijam manipulação.
A Professora Eliane Conconi, 50, disse que o foco da volta é o "acolhimento".
"Porque eles precisam de cuidado emocional, é o que reparamos durante a quarentena", disse. "O primeiro passo é cuidar dos protocolos, como distanciamento e uso de máscaras."
Apesar da permissão do governo para a retomada, as escolas só podem oferecer atividades extracurriculares. Entre as regras a serem seguidas, a mais importante é que elas só poderão receber 20% dos alunos matriculados a cada dia, independentemente da etapa de ensino.
O secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, esteve presente no retorno das atividades presenciais.
Segundo ele, aproximadamente 200 mil alunos no estado devem voltar às aulas a partir de hoje, sendo 50 mil na capital. Ele informou que 219 cidades autorizaram as atividades em 900 escolas estaduais. Ao todo, a Secretaria Estadual de Educação mantém 5.100 unidades de ensino.
"Se a escola não tiver o mínimo de condições, não autorizamos [abrir]. Não teremos pressa porque queremos aprender com esse retorno", disse ele.
O secretário disse também que o aluno pode ser reprovado "se, durante a quarentena, não entregar nenhuma atividade".
Rossieli disse ainda que o ensino à distância será mantido no ano que vem como atividade complementar. "Teremos no ano que vem. O ensino híbrido veio para ficar e deve ser mantido como complemento", afirmou.
Por enquanto, as unidades estaduais só podem desenvolver ações extracurriculares, como cursos de idiomas, atividades esportivas, musicalização, reforço escolar e acolhimento.
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