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Senador gay rebate ministro da Educação: "Minha família não é desajustada"

Ana Paula Bimbati

Do UOL, em São Paulo

16/09/2021 13h33

O senador Fabiano Contarato (REDE-ES) criticou uma fala homofóbica do ministro da Educação, Milton Ribeiro, durante sessão da Comissão de Educação, no Senado, hoje. Ribeiro já havia dito, no ano passado, que gays vêm de "famílias desajustadas".

"Tenho orgulho em dizer que sou casado, tenho dois filhos. Tenho orgulho do meu pai que é motorista de ônibus e da minha mãe, semianalfabeta. Não venho de família desajustada, senhor ministro, não tenho subfamília", afirmou Contarato, hoje pela manhã. Ele é o primeiro senador assumidamente gay no Brasil.

A fala de Ribeiro foi registrada em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. "Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe", disse, à época.

Quase um ano depois das declarações, a Justiça Federal de São Paulo condenou a União a pagar uma indenização de R$ 200 mil por danos morais coletivos por causa das falas LGBTIfóbicas.

O senador questionou se a família do ministro seria melhor.

Orientação sexual não define caráter, o que define caráter é seu comportamento ético, moral, seu grau de comprometimento com a redução de desigualdade social, com a geração de emprego."
Fabiano Contarato, senador (REDE-ES)

O ministro, pelas regras do Senado, deveria responder sobre essa e outras declarações, mas interrompeu o ciclo para se justificar e convidar o senador para uma visita ao MEC (Ministério da Educação).

"Na Polícia Federal, eu disse que não foi minha intenção. Estava chegando no MEC, vim de um contexto que se misturava e agora que percebo minha postura como pastor, que cremos sim, temos dogmas, que são bíblicos, mas como ministro de um Estado laico tenho que responder a todos e a orientação de todos. Gostaria que o senhor soubesse que essa é a minha postura", argumentou Ribeiro.

O senador ressaltou ainda que "um professor trans não vai fazer com o que filho A, B ou C, faça parte da comunidade LGBTQIA+".

Na mesma entrevista, no ano passado, o ministro disse que a orientação sexual pode ser opcional. "Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí", afirmou, segundo o jornal.

Ribeiro presta explicações pela manhã à Comissão de Educação, no Senado, após dizer que a universidade "deveria ser para poucos" e que alunos com deficiência "atrapalham" o aprendizado dos demais.