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Associação de servidores do Inep pede 'atuação urgente' do MEC

Ministro da Educação, Milton Ribeiro, teria relação próxima com presidente do Inep, Danilo Dupas, segundo fontes ouvidas pelo UOL - Luis Fortes/MEC
Ministro da Educação, Milton Ribeiro, teria relação próxima com presidente do Inep, Danilo Dupas, segundo fontes ouvidas pelo UOL Imagem: Luis Fortes/MEC

Ana Paula Bimbati

Do UOL, em São Paulo

08/11/2021 16h04

Após o pedido de demissão em massa de mais de 33 servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), a Assinep, associação dos servidores do órgão, pediu uma "atuação urgente" do governo federal e do MEC (Ministério da Educação).

Fontes ouvidas pela reportagem afirmaram que o que ainda segura Danilo Dupas, presidente no Inep, no cargo é sua relação pessoal com o ministro da Educação, Milton Ribeiro. No começo da noite, o MEC divulgou nota em que afirma que o Enem "não será afetado" pelas mudanças (leia mais abaixo).

O Inep é um órgão ligado ao MEC responsável por estudos e avaliações educacionais, como o Enem. A prova, considerada a principal porta de entrada ao ensino superior, será aplicada no fim de novembro.

"A Assinep lamenta profundamente que a postura da alta gestão do Inep tenha levado a situação da autarquia a esse ponto dramático", diz nota enviada à imprensa. O UOL entrou em contato com o MEC e o governo federal, mas não obteve resposta.

A associação afirmou que os servidores "seguem trabalhando para produzir as evidências necessárias" para políticas públicas educacionais. "Mas ressaltamos que todas as ações institucionais da autarquia precisam de direcionamento técnico de gestores devidamente capacitados nas temáticas", completou.

Na semana passada, a associação já havia feito denúncias de assédio moral e reclamado da má gestão do presidente Danilo Dupas. Dias antes, dois coordenadores de áreas ligadas ao Enem pediram demissão.

Eduardo Carvalho Sousa, coordenador de Exames para Certificação, protocolou seu pedido de demissão no dia 1º, e Hélio Júnio Rocha Morais, coordenador da Logística de Aplicação, oficializou a decisão no dia 5.

Qual será o impacto no Enem?

O Enem acontece em 21 e 28 de novembro e a prova já está pronta, por isso as datas não devem ser alteradas. Mas as mudanças no organograma em funções estratégicas podem atrapalhar os processos que acontecem após aplicação do exame, como a correção e a divulgação das notas.

Parte dos servidores que se demitiram serviam como uma espécie de "radar", monitorando possíveis problemas e apontando soluções no dia do exame. Na edição de 2020, houve alguns incidentes que precisaram ser contornados, como salas superlotadas, o que impediu diversos alunos de fazerem o Enem.

No início da noite desta segunda, o MEC divulgou nota afirmando que o cronograma está mantido e que "não será afetado" pelos pedidos de exoneração.

"Cabe esclarecer que os servidores colocaram à disposição os cargos em comissão ou funções comissionadas das quais são titulares, mas que continuam à disposição para exercer as atribuições dos cargos até o momento da publicação do ato no Diário Oficial da União", diz o texto.

O ministro Milton Ribeiro replicou a nota no Twitter. Ele não fez mais comentários sobre a crise no Inep.