Vélez: Milton Ribeiro tem que sair do cargo se caso não for explicado
O ex-ministro da Educação Ricardo Vélez afirmou hoje durante entrevista ao UOL News que o atual chefe da pasta, Milton Ribeiro, deve sair do cargo se não conseguir explicar o áudio em que negocia verbas com pastores.
Ele também defendeu a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) como "instrumento adequado" para apurar as falas de Ribeiro.
"Se não for adequada a explicação, acho que teria que sair do cargo", afirmou. "Para a gestão pública, precisa haver o elemento da confiança, sem confiança... vamos deixar que as instâncias legais funcionem, acho importante uma comissão parlamentar porque o Parlamento tem as ferramentas para investigar e ouvir".
O jornal Folha de S. Paulo publicou uma gravação em que o ministro diz priorizar prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram feitos por dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Santos e Moura não têm cargo formal no MEC.
Ontem, o ministro Milton Ribeiro admitiu ter se encontrado com os pastores, mas negou que Bolsonaro tenha pedido atendimento preferencial a eles.
Para Vélez, que ocupou o cargo entre janeiro e abril de 2019, é inadequado negociar com pessoas fora do MEC. "Não sei se é o caso de falar em corrupção, mas houve o esquecimento de normas fundamentais do funcionamento do aparelho do Estado", declarou.
Ele também negou ter sofrido pressão para negociar com religiosos durante o tempo em que esteve à frente do órgão. "Nisso, transitei com tranquilidade e não recebi pressões", disse.
Vélez nega apoio a Bolsonaro
O ex-ministro disse que não votaria em Bolsonaro nas eleições deste ano, citando a condução da pandemia de covid-19 como ponto crítico para mudar de opinião;
"Ele cria atritos desnecessários e a gestão da pandemia foi desastrosa, o presidente precisava sinalizar para o país o que a comunidade científica esperava em termos de comportamento. Ficar saindo por aí e driblando o uso de máscara é negativo para o país, não votaria nele depois disso", afirmou.
Porém, ele disse que tampouco apoiará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Lula precisa deixar espaço para outras pessoas trazerem a esperança", declarou. "É um grande líder político, mas, do meu quadrante, não vejo muita esperança. Ele vai encontrar em mim um opositor leal".
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