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Cotado para chefiar MEC, braço direito de Milton Ribeiro é auditor da CGU

Victor Godoy fez pós-graduação na Escola Superior de Guerra - Luis Fortes/MEC
Victor Godoy fez pós-graduação na Escola Superior de Guerra Imagem: Luis Fortes/MEC

Ana Paula Bimbati

Do UOL, em São Paulo

28/03/2022 20h34

Número 2 do MEC (Ministério da Educação), o atual secretário-executivo da pasta, Victor Godoy Veiga, é, até o momento, o nome mais cotado para substituir Milton Ribeiro. O pastor presbiteriano deixou o comando da pasta após a divulgação de um áudio em que ele afirma que o governo federal prioriza a liberação de verbas a prefeituras ligadas a dois pastores.

O provável substituto é servidor de carreira como auditor federal na CGU (Controladoria-Geral da União) desde 2004. Em julho de 2020, quando Ribeiro passou a chefiar o MEC, ele foi convidado para o ocupar o cargo.

Antes de pedir demissão, Ribeiro afirmou em entrevistas que havia solicitado, em agosto do ano passado, que a CGU investigasse a atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC. O órgão de controle, na semana passada, afirmou que recebeu o pedido de investigação.

A apuração foi encerrada em 3 de março deste ano. A Controladoria isentou agentes públicos, mas concluiu que há indícios de irregularidades de "terceiros", que não foram identificados, na liberação de recursos do ministério. A conclusão da investigação foi encaminhada à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.

Alinhamento com Ribeiro

Fontes ouvidas pelo UOL afirmaram que o secretário-executivo, se confirmado no cargo de ministro, deve conduzir o ministério seguindo o caminho de Ribeiro. Veiga sempre teve espaços privilegiados em reuniões e decisões do MEC.

Em suas redes sociais, o secretário dá destaque a um vídeo publicado pelo presidente Jair Bolsonaro. No post, Veiga conta ter recebido uma pessoa para "ouvir suas contribuições" a "pedido" do chefe do Executivo para "apresentar sua ideia para auxiliar o MEC na transformação da educação brasileira'..

O currículo do secretário-executivo, divulgado pelo MEC, informa que ele é formado em engenharia de redes de comunicação de dados pela UnB (Universidade de Brasília) e fez pós-graduação na Escola Superior de Guerra e na Escola Superior do Ministério Público.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Veiga foi responsável por ameaçar servidores que tentassem levar para Polícia Federal a investigação da Unifil, de Londrina. O jornal revelou que uma fraude teria ocorrido no curso de biomedicina da instituição a partir do vazamento da avaliação do ensino superior.

Na semana passada, outros nomes, como o do presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), Marcelo Lopes da Ponte, eram cotados para substituir Ribeiro.

O que se fala nos bastidores é que o nome de Ponte ficou desgastado, já que ele também se reunia com os pastores envolvidos no suposto esquema.

Carta de demissão

Antes da exoneração de Ribeiro ser publicada no Diário Oficial, uma carta atribuída ao ministro chegou a circular entre parlamentares, em que dizia que ele não iria se despedir do ministério.

Pouco depois, o pastor publicou um texto semelhante no Twitter, mas afirmou que decidiu solicitar a exoneração ao presidente, "a fim de que não paire nenhuma incerteza" sobre a conduta dele e a do governo federal.

"Tomo esta iniciativa de coração partido. Prezo pela verdade e sei que a verdade requer tempo para ser alcançada. Sei de minha responsabilidade política, que muito se difere da jurídica", escreveu Ribeiro.

Ele é o quarto ministro da Educação da gestão Bolsonaro. Antes, foi vice-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e vice-presidente do conselho deliberativo da mantenedora da instituição.

Segundo acusações de prefeitos e pessoas ligadas à educação, os pastores evangélicos Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura Correia conquistaram acesso privilegiado ao MEC. Reportagem do UOL mostrou que na gestão de Ribeiro municípios sem alianças políticas tiveram dificuldade para conseguir verba no fundo.