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Senado aprova convite para Weintraub depor a respeito de falas sobre o FNDE

Ex-ministro da Educação Abraham Weintraub - ADRIANO MACHADO
Ex-ministro da Educação Abraham Weintraub Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

27/04/2022 10h43Atualizada em 21/07/2022 20h15

A Comissão de Educação do Senado aprovou hoje um convite para que o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub preste depoimento a respeito de declarações do ex-chefe da pasta nas quais ele acusou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de ter dado ordens para que ele entregasse o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) ao Centrão. O bloco parlamentar reúne o atual partido do presidente e a sigla do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).

O requerimento é de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e, por se tratar de um convite, o ex-ministro pode não comparecer para prestar o depoimento.

"Meu chefe, ele falou: 'você vai ter que entregar o FNDE para o Centrão'. Falei: 'presidente, não faça isso'", disse o ex-ministro na entrevista à CNN Brasil no dia 13 de abril. Em resposta, Weintraub disse que Bolsonaro justificou: "Preciso".

Apesar da denúncia, Weintraub afirmou que Bolsonaro esteja envolvido em irregularidades cometidas no FNDE, mas disse que o fundo está ocupado por "pessoas erradas".

"Não acho que o presidente está envolvido nisso, mas ele deixou entrar gente errada dentro do governo. E essas pessoas erradas, que aprontaram no passado, acho que tem uma probabilidade alta de terem aprontado de novo", acrescentou.

Por outro lado, o ex-ministro atribuiu a adesão do Centrão ao governo federal a plano traçado pelo então ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, atual secretário-geral da Presidência da República.

O requerimento aprovado pela comissão do Senado ainda cita falas do ex-chefe Educação nas quais ele afirmou que entregou à PF (Polícia Federal) e ao MP (Ministério Público) uma série de documentos que podem comprovar ou revelar indícios de irregularidades na pasta.

A comissão aprovou o convite a Weintruab após os três convidados a prestar esclarecimentos sobre as supostas irregularidades com recursos do FNDE faltarem à sessão. Nely Jardim e Darwin Einstein Lima, citados nas denúncias, não compareceram, enquanto o prefeito de Centro Novo (MA), Júnior Garimpeiro, disse que tinha outro compromisso e pediu a remarcação da audiência, que deve acontecer na semana que vem. A cidade, que fica a 260 km de São Luís, teria recebido os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que teriam negociado verbas do FNDE com prefeitos.

Bolsonaro foi 'chantageado', disse o ex-ministro

Em uma transmissão ao vivo feita nas redes sociais no último domingo (24), Weintraub disse Bolsonaro foi "chantageado" pelo Centrão e que o presidente "mudou" durante o governo.

"Bolsonaro foi sequestrado e acho que está sendo chantageado por esse pessoal [centrão] com ameaças de prisão, como eu fui. Como eu não fiquei com medo foram atrás dos meus filhos, podem ter ido atrás da família dele. E ele não está totalmente isento de culpa", afirmou.

O ex-ministro disse ainda estar pessimista a respeito de Bolsonaro, "porque quem anda com bandido ou vira bandido ou vira estraçalhado". Weintraub também relembrou sua saída do Ministério e disse que aconselhou ao presidente não roubar: "Agora vê quanto enrosco tem lá".

Visita de pastores ao Palácio do Planalto

Também foi aprovado hoje outro requerimento que pede que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) envie documentos sobre as visitas dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura ao Palácio do Planalto, incluindo os gabinetes da Presidência e demais gabinetes de ministros.

Os dois lideres religiosos são suspeitos de atuarem como lobistas no governo federal e acusados de envolvimento em esquemas de intermediação ilícita de verbas do FNDE para prefeitos e governadores.

O jornal O Globo pediu os documentos sobre as visitas dos pastores via Lei de Acesso à Informação, mas o Palácio do Planalto decretou sigilo aos dados. O argumento utilizado foi o de que os documentos poderiam colocar em risco a vida do presidente da República e de seus familiares.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada ontem, no entanto, Santos e Moura estiveram 127 vezes nas dependências do MEC e do FNDE durante a gestão Bolsonaro.