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Especialistas em educação preparam raio-x do MEC para futuro ministro

Ex-ministro da educação Fernando Haddad (PT) reuniu especialistas da área para falar sobre desafios do MEC - Ana Paula Bimbati/UOL
Ex-ministro da educação Fernando Haddad (PT) reuniu especialistas da área para falar sobre desafios do MEC Imagem: Ana Paula Bimbati/UOL

Do UOL, em São Paulo

08/11/2022 16h21Atualizada em 08/11/2022 16h52

Especialistas de educação ligados a organizações da sociedade civil começaram a preparar um documento com raio-x do MEC (Ministério da Educação) e os desafios do futuro ministro da pasta. O grupo se reuniu nesta terça-feira (8) pela primeira vez em um hotel de São Paulo a convite do ex-ministro Fernando Haddad (PT).

Haddad recebeu do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o pedido para que indicasse nomes da educação para auxiliar na equipe de transição. Nos bastidores, o ex-ministro já sinalizou que não quer chefiar o MEC novamente.

"Como todo mundo aqui já trabalhou no MEC ou já trabalhou junto ao MEC, essa radiografia será rapidamente feita e nós vamos entregar para pessoa designada pelo presidente Lula para chefiar o Ministério da Educação", disse Haddad após se reunir com cerca de 50 especialistas.

Na reunião, nomes como Priscila Cruz, do Todos pela Educação, Deniz Mizne, da Fundação Lemann, Neca Setubal, da Fundação Tide Setubal; e Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, marcaram presença na conversa de hoje. O ex-ministro da educação Henrique Paim, que foi anunciado oficialmente como coordenadora na área para o governo de transição.

Haddad afirmou que os especialistas foram convidados a título "pessoal" e não como representantes das entidades que estão vinculados.

Prioridade é recomposição. Segundo Paim, a palavra mais repetida pelos especialistas foi "recomposição" —da aprendizagem, orçamento e de atos normativos. O ex-ministro, no entanto, não detalhou qual verba o governo tenta conseguir a mais, nem quais portaria do MEC devem ser revogadas.

"O que precisamos fazer é levantar todos esses pontos", disse Paim. Dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) apontam que dobrou o número de crianças com déficit na alfabetização. O Brasil foi um dos últimos países a retomar as aulas presenciais e tanto municípios, como estados, criticaram a falta de coordenação do MEC nesse desafio.

O ex-ministro Henrique Paim foi anunciado como coordenador da área da educação no governo de transição - Ana Paula Bimbati/UOL - Ana Paula Bimbati/UOL
O ex-ministro Henrique Paim foi anunciado como coordenador da área da educação no governo de transição
Imagem: Ana Paula Bimbati/UOL

Reportagem do UOL mostrou como está o orçamento para a pasta proposto pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

Só na educação básica, Lula terá um orçamento 34% menor em relação à verba do primeiro ano de governo do atual presidente. Na educação infantil, responsável pelas creches, o dinheiro é 96% menor.

A recomposição está associada ao que tem sido defendido como prioritário pelo governo e uma das principais questões é a fome. Por isso, alimentação escolar é um ponto importantíssimo. Assim como o funcionamento das universidades e institutos federais."
Henrique Paim, ex-ministro e coordenador da área no governo de transição

Temas prioritários. Além dos desafios educacionais pós-pandemia, os especialistas falaram sobre formação de professores, sistema nacional de educação —que está em discussão no Congresso— e melhoria do novo ensino médio.

Os órgãos ligados ao MEC como Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Inep e FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) também foram citados pelos presentes como uma preocupação.

O fundo, por exemplo, ficou no centro do suposto esquema de corrupção envolvendo o então ministro Milton Ribeiro e dois pastores, que teriam livre acesso na pasta.