Sexta-feira Santa: por que a Igreja manda trocar carne vermelha por peixe
Durante a Quaresma, período de reflexão e penitência que antecede a Páscoa, e também na Sexta-feira Santa, a Igreja Católica recomenda aos fiéis que evitem o consumo de carne vermelha. Mas por que essa tradição existe? A resposta está nas escrituras sagradas e nas práticas religiosas que remontam há séculos, ligadas a honrar o sacrifício de Jesus Cristo na cruz.
Em 2023, a Quaresma vai de 22 de fevereiro a 6 de abril. A Sexta-feira Santa, que representa o dia da morte de Cristo, cai no dia 7 de abril, com a Páscoa — data da ressurreição de Jesus - acontecendo no domingo, dia 9.
Por que evitar carne e por que peixe pode?
O costume de comer peixe é ligado a uma forma de praticar o jejum e a abstinência, segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, ligada à Igreja Católica).
O peixe é uma alternativa permitida durante o jejum, pois é considerado um alimento mais simples e humilde do que a carne vermelha, além de ser mais abundante em algumas regiões. Além disso, na tradição cristã, o peixe também tem um significado simbólico, pois é associado aos milagres realizados por Jesus Cristo, como a multiplicação dos pães e dos peixes.
Outros argumentos que diferem a carne vermelha do peixe são o fato de os últimos serem animais de sangue-frio.
"Por sua vez, os animais de carne vermelha e as aves são homeotérmicos. Ou seja, o sangue deles é quente, assim como o sangue que Nosso Senhor derramou na cruz. Peixes também, em geral, não morrem derramado sangue, como Jesus", diz explicação da Paróquia São Sebastião, da Bahia.
Quando jejuar?
O jejum é obrigatório nas recomendações católicas para a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa. Além disso, a igreja diz que a carne vermelha deve ser evitada em todas as sextas-feiras da Quaresma.
Mas isso não quer dizer ficar sem comer. O jejum é recomendado para pessoas de 18 a 58 anos e representa fazer apenas uma refeição completa durante o dia, até a saciedade - portanto, sem se "empanturrar".
É possível optar por comer carne, mas fazer outros "jejuns". "[A carne] poderá ser substituída pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo os mais requintados e dispendiosos [caros] ou da especial preferência de cada um", orienta a CNBB.
O jejum nos orienta a dar mais atenção à Palavra de Deus. A fome que sentimos (quando fazemos jejum) pode simbolizar e evocar a fome que temos da Palavra de Deus. É tempo forte, portanto, de escuta da Palavra, pois através dela vamos conhecer os desejos de Deus e praticar a sua vontade.
CNBB
Por que 40 dias?
Segundo a CNBB, o número 40 da Quaresma refere-se biblicamente ao tempo "da espera, da preparação, da penitência, do jejum e até do castigo". Episódios como os 40 dias de chuva durante o dilúvio, Moisés esperando por este mesmo período para receber as tábuas da Lei no Monte Sinai, entre outros, representam "um número redondo e provisório que indica um tempo de preparação para algo que virá".
A Quaresma não pode ser vivida como um tempo de sacrifícios e sofrimentos desconexos da vitória de Cristo na Páscoa. Na verdade, participamos dos sofrimentos de Cristo para participarmos também de sua glória.
CNBB
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