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Estudantes anunciam desocupação da 1ª escola tomada no Rio

No Rio

16/05/2016 13h59

Os estudantes do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro, anunciaram na manhã desta segunda-feira, 16, que vão desocupar a escola tomada há 56 dias. Eles tiveram as principais demandas atendidas pela Secretaria Estadual de Educação (Seeduc), como eleição direta para escolha do diretor das unidades de ensino e o fim do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj).

O movimento também informou o rompimento com entidades estudantis que apoiaram as ocupações. Durante o anúncio, o chefe de gabinete da secretaria, Caio Lima, discutiu com uma professora grevista, foi expulso do colégio aos gritos de "fascista". Em seguida, ele entregou o cargo.

Os alunos disseram que vão continuar mobilizados, apesar da desocupação. "Se for preciso ocupar a Seeduc, nós ocuparemos. Nós construiremos a Seeduc, nós mostraremos quem manda. Porque se eles dizem que trabalham porque nós existimos, então vamos fazer isso acontecer. Eles vão trabalhar para quem devem trabalhar, para o professor e o estudante", disse João Victor da Silva Barbosa, de 18 anos, do 3º ano do ensino médio.

O Mendes de Moraes foi a primeira escola a ser tomada por alunos, no dia 21 de março. Segundo os estudantes, 83 unidades de ensino estão ocupadas no Rio de Janeiro.

No acordo com a secretaria, ficou acertado um calendário de visitas às escolas ocupadas para levantar pautas específicas a serem atendidas. Cada colégio vai elaborar um documento com as demandas e receberá verba no valor de R$ 15 mil para realização de obras emergenciais. "Cabe a cada escola pressionar para que essa ação realmente aconteça", disse Barbosa.

Os estudantes do Mendes de Moraes também anunciaram o rompimento com o comando de ocupações das escolas, formado por dois representantes de cada unidade de ensino. O comando é responsável por decidir os rumos da mobilização. De acordo com Barbosa, esse fórum de discussões "foi tomado por parasitas de entidades estudantis que só querem defender seus interesses e não o interesse de cada escola."

O comando conta com membros de entidades como a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel), ligada ao PSTU e primeira apoiadora das ocupações. Também possui afiliados da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e da União da Juventude Socialista (UJS), ambas controladas por integrantes do PC do B, e da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro (Ames) e da Associação de Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro (Aerj).

Estudantes contra a ocupação das escolas e a favor do movimento chegaram a entrar em confronto em duas ocasiões no Mendes de Moraes. Na última sexta-feira, 13, os alunos trocaram agressões dentro da unidade de ensino, que teve seu refeitório depredado.

Discussão

O anúncio da desocupação foi interrompido por um bate-boca entre uma professora e o chefe de gabinete da secretaria, Caio Lima. O representante da Seeduc disse para a docente calar a boca, logo após ter sido chamado de "fascista". Os estudantes tomaram partido pela professora e expulsaram Lima do colégio. Após o incidente, Lima entregou o cargo.

"Eu fui até lá fechar um acordo que resultaria na desocupação da escola para retomada das aulas. Mas uma professora me chamou de fascista e eu mandei que ela calasse a boca, pois essa senhora não sabe o que é isso", disse Lima.

De acordo com ele, o governo estadual cedeu em tudo o que poderia e os alunos conseguiram avanços em suas reivindicações. "Essa discussão só aconteceu porque parte dos professores não quer que o movimento dos alunos termine, eles não querem negociar", afirmou.

Lima já havia pedido exoneração há dez dias, mas foi convencido pelo governador em exercício, Francisco Dornelles (PP), a permanecer no cargo. Ele era o responsável pela negociação com os estudantes que ocupam escolas no Rio de Janeiro.