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'Ataques à liberdade acadêmica ameaçam todos nós', diz diretora do Scholars at Risk

Imagem meramente ilustrativa - divulgação
Imagem meramente ilustrativa Imagem: divulgação

Renata Cafardo

Em São Paulo

20/01/2020 07h57

Pela primeira vez o Brasil apareceu como destaque de um relatório internacional que monitora e denuncia ataques ao ensino superior no mundo todo. O documento Free to Think, divulgado no fim de 2019, é organizado pela rede Scholars at Risk (SAR), ligada à New York University (NYU), dos Estados Unidos.

O relatório indica que houve 324 ataques em 56 países entre setembro de 2018 e agosto do ano passado e dedica estudos especiais a cinco deles: Índia, Turquia, Sudão, China e Brasil.

A parte brasileira menciona incursões policiais a universidades públicas no período das eleições presidenciais, pedidos do governo Bolsonaro para que estudantes filmem e denunciem professores e a declaração do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que universidades promovem "balbúrdia".

"Universidades são espaços globais essenciais, onde acadêmicos, estudantes e o público em geral podem se reunir para entender e resolver os problemas complexos que afetam todos nós. Por isso, ameaças e ataques à liberdade acadêmica e ao espaço universitário ameaçam todos nós", afirma Clare Robinson, diretora da SAR.

Por que o Brasil é um dos destaques do relatório de 2019?

As pressões no setor de educação superior no Brasil são uma tendência preocupante e relativamente nova no nosso monitoramento. Há indícios de que isso pode piorar. O fato de ser apresentado ao lado de países como China e Sudão, onde ocorrem ataques muito mais frequentes e graves, mostra nossa crescente preocupação.

Como coletam informações sobre o País?

A equipe e os parceiros identificam incidentes com base em notícias confiáveis, relatórios de direitos humanos, comunicações de organizações e colegas. Antes e depois das eleições, a SAR começou a receber relatos de violência e ameaças de motivação política contra acadêmicos brasileiros que pareciam ter a intenção de intimidar comunidades inteiras.

A senhora soube que recentemente o ministro da Educação no Brasil (Abraham Weintraub) acusou universidades de plantar e usar ilegalmente maconha?

Não temos conhecimento disso. Mas estou profundamente preocupada que autoridades públicas no Brasil, ligadas ao presidente Bolsonaro, tenham feito declarações e reivindicações depreciativas sobre as comunidades de ensino superior.

Por que é importante proteger a liberdade nas universidades?

As universidades são um espaço global essencial, onde acadêmicos, estudantes e o público em geral podem se reunir para entender e resolver os problemas complexos que afetam todos nós em nossas comunidades, cada vez mais interconectadas. Por isso, ameaças e ataques à liberdade acadêmica e ao espaço universitário em qualquer lugar ameaçam todos nós.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.