Escola com pior nota nos anos iniciais no Ideb 2011 em Alagoas ainda nem iniciou o ano letivo
As aulas ainda não começaram na Escola Estadual Professor Luiz Carlos, estabelecimento que amarga o pódio no ranking entre as 20 escolas que obtiveram pior desempenho na avaliação do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em Alagoas. O Estado também acumula a lanterninha numa lista com as notas do Ideb, tanto para os anos iniciais (1º a 5º anos) quanto para os anos finais (6º ao 9º) do fundamental.
A previsão para o começo do ano letivo é dia 28 de agosto. Um cartaz colado na porta da escola avisa: os pais devem estar presentes no início das aulas para saberem como será o calendário do primeiro semestre.
O prédio da escola não tem condições de receber os alunos pois está em reforma. O problema está sendo causado pelo atraso nas obras feitas nesta e em outras unidades do Estado, iniciadas durante o recesso escolar. Segundo a SEE (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte), além da Escola Estadual Professor Luiz Carlos, outros 13 estabelecimentos estão sem funcionamento.
A dona de casa Francisca Maria da Silva, 43, espera ansiosa o início das aulas, pois já não aguenta mais ver a filha, Mariana Silva, 11, ficar na frente da televisão o dia todo. “Não tenho condições de pagar uma escola particular. Tentei transferi-la para outra escola, mas não consegui. A gente fica numa situação difícil sem saber o que fazer com essa menina o dia todo ociosa em casa em vez de estar estudando.”
Nota baixa
Localizada em Maceió, a Escola Estadual Professor Luiz Carlos obteve nota 1,2 no Ideb 2011 para os anos iniciais, enquanto a meta era de 3,6. A nota do Brasil no índice foi 5 para esta etapa. A instituição parecia estar em um caminho de aumento das notas: depois de ficar com 2,4 nos anos de 2005 e 2007, ela havia conseguido obter 3,0 em 2009. O Ideb é calculado a cada dois anos.
Segundo os dados divulgados pelo MEC (Ministério da Educação), 18 das 20 escolas que obtiveram pior desempenho estão localizadas no interior do Estado. É o caso da Escola Estadual Anália Tenório, na cidade de Olho d’Água Grande (a 156km de Maceió). A escola ficou com nota 1,7, enquanto deveria ter atingido 2,8. Todas as 20 piores notas das escolas em Alagoas variaram entre 1,2 e 1,9 – abaixo das metas para 2011.
Nota 1,7
Outra escola estadual localizada na capital alagoana que também obteve resultado ruim foi a José Correia da Silva Titara, localizada no Cepa (Centro Educacional de Pesquisas Aplicada), no bairro do Farol. A escola ficou em 3º lugar na lista das 20 piores notas em Alagoas com o resultado de 1,7 enquanto deveria, segundo a meta estabelecida pelo MEC, ter alcançado a nota 5,0.
O UOL visitou a José Correia da Silva Titara na última sexta-feira (17) e encontrou muita reclamação dos alunos. A estudante Ana Paula Vieira, 19, que cursa o 1º ano do magistério, se mostrou espantada com a nota que a escola tirou. Para ela, a escola pelo menos deveria ter obtido a projeção do MEC, com nota de 5,0 e classificou a nota como “vergonhosa”.
“É uma vergonha para nossa escola que oferece o curso de magistério. Estou estudando para me tornar professora e já vejo as deficiências em sala de aula para conseguir me capacitar”, disse a jovem.
Uma outra aluna, que pediu para não ser identificada, também reclamou da falta de estrutura e professores para reverter o desempenho da escola. “Nossa escola está concluindo hoje [sexta-feira, 17] o primeiro semestre. É uma das que estão em uma situação mais confortável, mas me espantei com a nota”, disse a estudante, reclamando que a irmã cursa 6º ano pela manhã e ainda não teve aula de química “por falta de professor”.
Enquanto a reportagem do UOL esteve nas dependências da unidade, no fim da tarde da sexta-feira (17), ninguém da direção apareceu para comentar o assunto, apesar de a reportagem ter pedido contato com os responsáveis.
Outro lado
Apesar de a reportagem do UOL ter enviado um e-mail com questionamentos específicos o que poderia ter ocorrido com as escolas Professor Luiz Carlos e José Correia da Silva Titara que não obtiveram notas boas no Ideb, a SEE não comentou o desempenho das notas das duas unidades da rede estadual de ensino.
Em nota, a SEE afirmou que 67 escolas da rede estadual alcançaram notas acima da projeção do Ideb 2011 e destacou que “assim como o restante do país, o Estado apresentou desempenho abaixo do esperado no ensino médio, que caiu de 3,1 em 2009 para 2,9 em 2011.”
“Em 2014, quando será divulgado o Ideb de 2013, a educação de Alagoas estará em outro patamar. Para que isso aconteça, estamos investindo em diversas frentes, como a modernização da gestão escolar, melhoria da infraestrutura escolar e ampliação da informatização das unidades”, disse o secretário Adriano Soares, titular da pasta, por meio de nota.
O secretário ressaltou ainda que a secretaria pretende focar na valorização dos profissionais da educação e que “o Estado está concluindo um novo PCC (Plano de Cargos e Carreiras) que permitirá uma melhor remuneração e ascensão mais rápida na carreira para os servidores.” Dentre as ações, a SEE destacou que até o final deste ano estará realizando concurso público para contratação de novos professores “para suprir as carências existentes em sala de aula.”
Consulte a nota geral do seu Estado
Clique sobre o Estado e saiba qual foi seu desempenho no Ideb 2011; para escolher a etapa de ensino selecione nos botões à direita
O que é Ideb
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é a "nota" do ensino básico no país. Numa escala que vai de 0 a 10, o MEC (Ministério da Educação) fixou a média 6, como objetivo para o país a ser alcançado até 2021.
O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar (ou seja, com informações enviadas pelas escolas e redes), e médias de desempenho nas avaliações do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o Saeb – para os Estados e o Distrito Federal, e a Prova Brasil – para os municípios.
Criado em 2007, o Ideb serve tanto como dignóstico da qualidade do ensino brasileiro, como baliza para as políticas de distribuição de recursos (financeiros, tecnológicos e pedagógicos) do MEC. Se uma rede municipal, por exemplo, obtiver uma nota muito ruim, ela terá prioridade de recursos.
O índice é divulgado a cada dois anos.
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