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Inglês ainda é "funil" para programa Ciência sem Fronteiras, diz representante do Reino Unido

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/10/2012 06h00

O domínio do inglês ainda é um gargalo no Ciência sem Fronteiras, programa federal de bolsas para o exterior capitaneado pelo MEC (Ministério da Educação). Até 2015, os planos são de enviar 101 mil estudantes para universidades estrangeiras.

“É um funil. Não dá para ignorar o papel da língua inglesa no mundo de hoje. Esta é até uma oportunidade para incentivar o brasileiro a estudar o inglês que é a língua da ciência, da tecnologia e do mundo dos negócios. Está na hora de melhorar o nível do idioma”, afirma Tânia Lima, coordenadora da Universities UK para o Ciência sem Fronteiras.

Se o aluno não tiver um nível mínimo de inglês exigido pelas instituições britânicas, ele não é admitido pela instituição. No caso das universidades britânicas, é preciso tirar a nota mínima de 5,5 no exame IELTS (International English Language Testing System) em cada uma das competências – Reading (leitura), Writing (escrita), Listening (escuta) e Oral (conversação).

Fluência em inglês

Segundo o British Council, em pesquisa realizada em 2012, apenas 5% dos brasileiros tem algum grau de conhecimento e comunicação em inglês, o que não quer dizer que tenha o domínio da língua.

O diretor de educação e de exames do British Council, Claudio Anjos, admite que o Brasil tem um “déficit” no ensino de idiomas. “Pena que o modelo brasileiro optou por esta forma [exigindo apenas a leitura]. O grande desafio é retrabalhar para que o aluno saia com a fluência no idioma estrangeiro”, diz.

Para Claudio Anjos, o ideal seria investir na proficiência de outros idiomas desde o ensino fundamental. São necessários de dois a três anos para alcançar o nível intermediário avançado de inglês. Então, o aluno deve começar com antecedência a se preparar se quiser estudar fora, aconselha.

10 mil para o Reino Unido

A meta do Ciência sem Fronteiras é enviar 10 mil estudantes brasileiros para as instituições de ensino superior inglesas nos próximos quatro anos. Desse montante, 7.000 para a área de graduação e outros 3.000 para cursos de pós. Até 2011, antes do anúncio do programa de bolsas brasileiro, existiam apenas 1.400 alunos brasileiros estudando no Reino Unido.

“Este é o maior programa de mobilidade que o Reino Unido jamais viu", diz Tânia Lima. "É um programa ambicioso, inovador e visionário com um impacto que irá estabelecer vínculos de longo prazo entre as instituições do Brasil e do Reino Unido", avalia a representante.

Apesar do otimismo visível nas afirmações da representante das universidades britânicas em que o governo brasileiro está bancando os estudantes brasileiros, a primeira chamada reuniu 550 alunos de graduação e 150 pós-graduandos -- 7% do total previsto.

Já, em contrapartida, o que se esperam dos alunos brasileiros é um excelente desempenho acadêmico e comprometimento. “O Ciência sem Fronteiras já faz a seleção dos candidatos baseados no desempenho acadêmico e o feedback das universidades é que estão bem impressionadas pela qualidade dos alunos brasileiros selecionados. Eles são exigidos no mesmo nível dos outros alunos”.

Bolsas de idioma

Para dar uma ajuda aos alunos selecionados pelo programa Ciência sem Fronteiras, o British Council ofereceu 40 mil bolsas de nivelamento às universidades brasileiras que aderiram ao programa para avaliarem o nível de inglês dos seus alunos e corrigir a deficiência.

“Temos recursos gratuitos que alunos podem acessar no site do British Council e baixar os exames antigos do IELTS. O exame custa R$ 440 e é aplicado praticamente todo sábado em 30 cidades no Brasil”, explicou.

A instituição também oferece bolsas de auxílio para custear o exame para alunos com mérito acadêmico e que não tenham condições de financiar a prova.