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MEC: novo IGC reduz peso da nota dos alunos e do número de doutores na avaliação

Cristiane Capuchinho

Do UOL, em São Paulo

06/12/2012 19h12

O MEC (Ministério da Educação) alterou a composição das notas para a avaliação da qualidade dos cursos de ensino superior a partir de 2011. As mudanças nos critérios de qualidade do curso reduzem o valor do número de doutores e o peso do desempenho dos alunos. No entanto, estrutura física, projeto pedagógico e número de professores mestres e com dedicação integral ganhou relevância.

"Nossa hipótese é de que com as alterações, instituições que tinham nota 3 e poderiam cair para 2 [e assim correrem o risco de serem descredenciadas], agora terão uma nota 3 folgada", indica o professor Alam de Oliveira Casartelli, da PUC-RS.

Confira as mudanças na composição da nota dos cursos

CritérioPeso em 2010Peso em 2011
Desempenho de alunos ingressantes no Enade15%não entra
Desempenho de alunos concluintes no Enade15%20%
Indicador de Diferença do Desempenho30%35%
Estrutura Física5%7,5%
Projeto Pedagógico5%7,5%
Número de professores doutores20%15%
Número de professores mestres5%7,5%
Professores com regime de trabalho integral5%7,5%
  • Fonte: Inep

As notas que demonstravam o desempenho do aluno representavam 60% da avaliação do curso. No modelo atual, o desempenho é de 55%, que é a soma da média da nota do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) feito pelos concluintes do curso ao IDD (Índice de Diferença do Desempenho). O índice mede, grosso modo, o agregado de conhecimento do aluno, explica o professor Helio Radke Bittencourt, do departamento de estatística da PUC-RS.

Como para os estudantes o Enade não é uma avaliação própria, mas eles são obrigados a fazer o exame para obterem o diploma universitário, é comum estudantes fazerem o exame sem a preocupação de obterem boas notas. No entanto, o conceito ruim dos alunos no exame reflete diretamente na avaliação da instituição.

No cálculo do índice de qualidade do curso, o CPC (Conceito Preliminar do Curso), não entra mais a nota de desempenho dos alunos ingressantes, que deixaram de fazer Enade.

"O Inep tem tentado reduzir a parte do desempenho dos estudantes e valorizar os insumos das instituições", avalia Marion  Creutzberg, coordenadora de avaliação da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica).

Doutores

A diminuição do peso para doutores era um pedido das instituições privadas, que afirmam ser difícil contratar professores tão qualificados em algumas áreas do conhecimento ou regiões do país. Profissionais com doutorado tendem também a ganhar mais e serem mais qualificados por fazerem pesquisas.

"Isso de alguma forma beneficia as instituições que têm menos doutores", afirma a professora Marion. "Certamente foi para atender ao apelo de grande parte das instituições que não têm pesquisa ou que têm menos pesquisa".

Segundo o ministro Aloizio Mercadante, a medida tem como objetivo "valorizar os docentes mestres e doutores que vivem mais voltados para as instituições (que trabalham em regime de dedicação exclusiva).