Única área de lazer da região, CEU São Mateus precisa de manutenção
Na zona leste de São Paulo, os moradores do Jardim da Conquista acompanharam atentos a construção do CEU São Mateus. Inaugurado em novembro de 2003, o equipamento era a solução para a alta demanda escolar da região e a falta de espaços culturais, esportivos e de lazer.
Quase dez anos após a abertura oficial dos seus portões, basta caminhar pelas ruas do bairro – que fazem referência a músicas famosas - para perceber que ele se estabeleceu como único espaço de diversão da área. O problema, dizem os moradores, é que falta manutenção.
“Eu trago os meus filhos e sobrinhos quase todo final de semana para andar de bicicleta e brincar no CEU. As ruas do bairro são muito estreitas e passam vários carros, e o que temos de lazer é aqui”, diz a dona de casa, Vânia Batista, 31. “O único problema é a grade que caiu e ninguém veio consertar”, afirma a moradora, apontando para o alambrado dos fundos do campo de futebol, derrubado durante um vendaval em novembro do ano passado.
Segundo o gestor do CEU São Mateus, Sebastião Arsani, logo após o incidente foi feito um pedido para que o problema fosse resolvido. A prefeitura informou que as solicitações estão na Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras), mas não há um prazo para que o problema seja resolvido.
O gramado no campo de terra é outra demanda da comunidade. A área, que inicialmente era coberta de areia, foi feita sobre um antigo terreno baldio, onde eram descarregados restos de entulho. Durante os jogos, é possível encontrar pedaços de entulhos que foram enterrados ali.
O gestor afirma que já pediu para a prefeitura que o campo seja gramado e que o quadra externa seja coberta.
O campo de futebol e a quadra – ao lado da pista de skate – são os mesmos conquistados pelos moradores após negociações com a prefeitura durante a construção do prédio, em 2003. “Ajudamos a negociar com o dono das terras e pedimos a ampliação do CEU”, afirma Sebastião Rosa, 56, que era presidente da associação de moradores na época. “O campo já foi bom, hoje é sucata”, diz.
A conquista
O terreno abandonado, que no passado serviu de depósito de lixo, é hoje ponto de referência no bairro e abriga três escolas – um CEI (Centro de Educação Infantil), uma Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) e uma Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) – que atendem juntas cerca de 1.800 crianças, adolescentes e alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Além do prédio educacional, os moradores podem usar as três piscinas, o teatro para 450 pessoas, um ginásio coberto e salas de artes, música e dança. Os cursos de handebol, basquete, futsal, dança do ventre, vôlei, karatê, balé, informática, entre outros, têm cerca de mil alunos matriculados.
Todo primeiro sábado do mês o CEU abre as inscrições para essas atividades, mas a concorrência é grande, já que as oportunidades dependem da desistência de antigos participantes. “Uma vez cheguei às 9h e já não tinha vaga para o curso que a minha filha queria. No mês seguinte, cheguei no sábado às 7h e consegui”, afirma Tina Cavalcante, 35, aluna de dança do ventre. Sua filha, Isis Cavalcante Menezes, 9, é aluna de uma escola da região e faz aula de música e karatê no CEU.
Aos finais de semana, o espaço recebe adolescentes que se concentram em torno da pista de skate, pais com os filhos no parquinho e um grupo de bolivianos que formou times e costuma disputar partidas de futebol na quadra da escola.
Falta curso técnico
O espaço tem ainda uma “padaria” - uma cozinha industrial, que inicialmente foi pensada para oferecer cursos de gastronomia para a comunidade-, que hoje é utilizada como refeitório de funcionários terceirizados. Em outro ponto da unidade, seis máquinas de costura aguardam alguma parceria para que se transformem em ferramenta de aprendizagem para a comunidade.
A previsão da nova gestão do CEU São Mateus, que tomou posse neste ano, é ativar esses espaços e incentivar ações que visem a qualificação da mão de obra local. A Secretaria de Educação também informou que pretende criar projetos de capacitação da mão de obra local em parcerias com organizações e empresas.
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