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Para OCDE, Brasil precisa aumentar investimento em escolas mais pobres

Cristiane Capuchinho

DO UOL, em São Paulo

06/12/2013 14h47

Apesar do avanço no desempenho dos estudantes brasileiros no Pisa 2012 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), o Brasil continua entre os últimos no ranking de educação de 65 países. Para a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o país precisa investir mais recursos, principalmente nas escolas de áreas mais pobres e com piores resultados, para melhorar a educação.

"O Brasil ainda investe mais dinheiro em escolas de áreas mais ricas", explica Andreas Schleicher, diretor para Educação da OCDE. De acordo com ele, investir mais dinheiro em escolas de pior desempenho dá melhores resultados.

Os dados do Pisa 2012 mostram que a educação no Brasil reflete em grande proporção a desigualdade social. "Quem nasce em uma família rica no Brasil facilmente terá um desempenho próximo aos dos alunos de países desenvolvidos, mas quem nasce em uma família pobre terá poucas chances de ter uma boa educação. Muito menos chances do que em outros países", evidencia Schleicher. 

"É preciso investir os recursos de maneira mais equitativa, investir mais recursos na educação básica que na educação superior e atrair os melhores professores para as escolas com maiores desafios", lista o diretor da OCDE.

O país gasta em média U$S 26,7 mil (R$ 64 mil) para educar uma criança dos 6 aos 15 anos. Esse gasto chega a U$S 83,4 mil (R$ 200 mil) nos países mais ricos da OCDE (entidade que reúne países desenvolvidos).

No exame do Pisa 2012, matemática foi a única disciplina em que os brasileiros apresentaram avanço no desempenho. O Brasil saiu de 386 pontos, em 2009, e foi a 391 pontos --a média da OCDE é de 494 pontos e ficou na 58ª posição do ranking.

Em leitura, os estudantes brasileiros ficaram na 55ª posição do ranking, com 410 pontos frente a 496 pontos da média da OCDE. Em ciências, o Brasil caiu do 53° posto para o 59° lugar, apesar de ter mantido a mesma pontuação (405) --a média da OCDE é de 501 pontos. 

Melhora na economia explica desempenho

Entre as explicações para a melhoria no desempenho dos estudantes brasileiros está o aumento do número de jovens de 15 anos matriculados na série escolar adequada à sua idade. Em 2003, havia mais estudantes brasileiros com 15 anos que ainda estavam no 8º ano e 9° ano do ensino fundamental que em 2012. O ideal seria que alunos dessa idade estivessem matriculados no 2° ano do ensino médio.

Com mais estudantes na série adequada, é esperado que seu desempenho no Pisa seja melhor por chegarem ao exame após terem passado por mais séries escolares.

"Essa melhora se deveu na verdade à melhora das condições socioeconômicas das famílias brasileiras. Na verdade, o aprendizado melhorou não porque a escola melhorou. O aprendizado melhorou porque o país como um todo melhorou e isso refletiu na escola", afirma André Portela, pesquisador da FGV (Fundação Getulio Vargas). "Isso tem um limite. Precisamos também atacar outras dimensões da melhoria do ensino."

O nível socioeconômico dos pais tem uma forte correlação com o aprendizado dos alunos. Famílias com melhor renda e mais escolaridade tendem a ter filhos que frequentam a escola por mais tempo. Em casa, crianças de famílias com mais renda costumam ter disponíveis mais materiais, como livros, que ajudam na aprendizagem.